sexta-feira, 28 de março de 2025

Robalo de Primavera

“Surfcasting”

Boas pessoal Robaleiro!

Um dia destes fui dar um passeio ao território Lobo com o objectivo de fazer uma jornada de surfcasting e tentar pescar o primeiro Robalo da Primavera, nos últimos tempos e apesar das boas capturas que tenho feito neste tipo de pesca sinto-me um pouco “prisioneiro” quando pesco nesta vertente, pois a liberdade do spinning permite-me mudar de sítio rapidamente e percorrer uma maior extensão de areia ou pedra em busca do tão cobiçado troféu que é o Robalo, mas neste dia derivado a alguns factores a melhor solução seria esta…

Vivemos tempos em que toda a gente sabe como se apanha peixe e quais são os melhores iscos, a informação fácil obtida através das redes sociais faz com que um principiante que vá pescar pela primeira vez ou nas suas primeiras jornadas já leva consigo os melhores iscos ou amostras para tentar enganar os Robalos, coisa que noutros tempos era impensável, desde cedo habituei-me a fazer as minhas experiencias principalmente no surfcasting, experimentar montagens, iscos e sua melhor maneira de iscá-los, descobrir spots e insistir nestes várias vezes mesmo a carregar uns valentes chibos e tentar perceber se vale ou não a pena continuar a investir ali.

Neste dia o pesqueiro escolhido foi daqueles que os Robalos podem ser grandes mas os chibos podem ser ainda maiores, o local estava completamente desareado na parte de cima junto à falésia, mas não foi coisa que já não me palpitasse, com o passar dos anos um gajo ganha “calo” e vai conhecendo o comportamento do mar e de certos pesqueiros, fruto da experiencia acumulada ao longo das duas últimas décadas e de muitas noites invernais, umas foram noites de glória, outras de fracasso, esta foi de orgulho porque sendo eu um grande teimoso sempre acreditei e insisti neste spot desde que o descobri pela primeira vez há quase vinte anos…

Assim que cheguei apressei-me a descer o aceiro para chegar lá em baixo ainda de dia e montar as canas com claridade, à primeira vista a perspectiva era boa pois parecia que todo mar respirava através daquele espumeiro e seria nele que eu ia meter as minhas pescas à espera de um velhaco solitário que se passeasse por ali ao abrigo da escuridão.

Fez-se noite e com as canas a pescar mas sem sentir a presença do que eu procurava decidi sentar-me naquele que supostamente seria o único metro de areia em que pelas minhas contas o mar não iria chegar naquela noite e aproveitei para improvisar uma mesa e tomar um reforço, neste dia foi tudo tão à pressa que o melhor que se arranjou para levar lá para baixo foi uma conserva de lulas em tomate com uma fatia de pão mole da semana passada, um gajo também tem de comer alguma coisisnha atão!!! 😄😋

Volta e meia tinha de trocar as iscas porque apesar dos sargos serem poucos e pequenos eram mais do que suficientes para chatearem, a maré já levava uma boa enchente, olhava eu para uma cana e nada, olhava para a outra e nada, bom pelo andar da carruagem o almoço amanhã vai ser uma fome pegada pensei eu 😄

A teimosia dizia-me para continuar a insistir nos Robalos, os pequenos sargos diziam-me para meter mais isco e eu já meio baralhado das ideias pensava no que poderia fazer para dar a volta à situação e nisto vejo uma das canas a balançar e quando lhe pego tinha a linha frouxa, situação que naquele pesqueiro não convém devido à presença de pedras, rapidamente enrolei a linha até esticar e logo vi que tinha lá um bom peixe e tudo indicava que seria um Robalo, cana ao alto linha esticada e tivemos ali dois dedos de conversa só para conhecer o adversário e agora sim, estava na hora de ser eu a apresentar-me e dizer que quem tinha a faca e o queijo na mão era eu, a pescar um pouco mais grosso do que é habitual devido à morfologia do pesqueiro pude apertar com o velhaco e assim dizer-lhe qual seria a direcção a tomar para vir ao meu encontro, peixe aos meus pés joguei-lhe a mão e aproveitei para tirar uma foto antes de o guardar na saca, para quem já ouvia o chibo a berrar atrás das costas este peixe trouxe-me uma lufada de ar fresco e deixou-me animado naquele momento. A insistência continuou por mais um par de horas mas nada alterou o resultado desta jornada e chegou a hora de arrumar tudo e ir descansar.

Coisas lindas da Natureza e que tornam a pesca ainda mais bonita, enquanto andei por ali a explorar o pesqueiro à noite dei de caras com este rabo-ruivo que pernoitava num buraco de rocha…

O sol apareceu um pouco mais forte e logo a Primavera se mostrou em força.

O dia seguinte foi de passeio antes de voltar ao sufoco da cidade.

E ainda houve tempo para juntar dois sacos de lixo ali perto da carrinha.

Mais uma pequena maré de canilhas e búzios.

Bom pessoal por hoje é tudo, espero que tenham gostado de mais um relato de surfcasting, haja saúde e força aí… 

 

quarta-feira, 19 de março de 2025

O Último Reduto

“Spinning”

Boas pessoal Robaleiro!

Ainda nem saí de casa para ir à pesca e já ando a ver as previsões para planear a próxima ida 😄😄 nos últimos meses tem sido assim, entendi que este Inverno iria esforçar-me ao máximo para fazer umas boas pescas…

A pesca é uma aprendizagem constante seja ela em que vertente for, nesta temporada tenho investido muitos dias muitas noites e horas sem fim, tenho aprendido bastante principalmente no spinning e enganem-se aqueles que pensam que já sabem tudo, quando assim o sentirem pois nesse momento deixam de ser pescadores…

Este ano nem a costa sul do sul tem sido poupada dos mares de Inverno, o mar tem vontade própria e é tão teimoso quanto orgulhoso, os elementos da Natureza fazem o seu trabalho e impõem o defeso natural.

Num dia em que as nuvens deixaram o sol aparecer aqui na costa sul do sul, coisa que os Algarvios até já nem estavam habituados 😄😄 fui espreitar a costa só para ver com os meus olhos como andavam as águas, claro que a intenção não era pescar no Mar mas sim dentro da Ria a que eu chamo de “Último Reduto”, quando o Inverno mostra as suas garras é a única alternativa…

Cheguei ainda cedo ao spot e aproveitei para safar uma maré de boas amêijoas, caso o peixe não comparecesse já tinha o dia garantido com o marisco 😉😉

Mas antes de iniciar a pesca aproveitei para fazer um lanche porque aquilo de andar dobrado a cavar abre o apetite e um gajo tem de comer alguma coisa, atão 😆😆

No lado de lá o Mar “contradizia” com o lado de cá nos confins da ria, se do lado de lá o Mar rosnava no lado de cá na calmaria da ria adormecida o silêncio era absoluto e relaxante, apenas o vento e a mini ondulação provocada por este pareciam ter vida. Sinceramente podia pescar por aqui mais vezes, mas prefiro o Mar.

Neste dia optei por pescar com uma cana de 2,70cm mais propriamente a (Puncture 2,73cm da Hunthouse) pois acho que é um tipo de cana que se adapta melhor quando se pretende animar as amostras com toques de ponteira, depois de ter insistido com dois vinis que nem tão pouco foram ameaçados por qualquer peixe decidi trocar para um passeante, apesar de ser um tipo de amostra que proporciona boas sensações quando ferra um peixe não é a minha preferida, pois continuo a ser um apaixonado pelos jerks.

No entanto aqui dentro da ria os passeantes costumam funcionar bem tal como aconteceu neste dia em que consegui enganar um total de dez peixes, cinco robalinhos sem medida foram devolvidos, é normal haver muito peixe miúdo por aqui e essa é uma das razões pela qual não costumo pescar dentro da ria, no final ainda apurei quatro robalotes e uma baila para trazer comigo capturados durante a tarde e ao final do dia, a baila estava marcada penso que por um arpão, foi uma tarde bem passada com uns peixes porreiros e até confesso que nem estava à espera deste resultado e o melhor de tudo é que estive umas horas sem ver o pior inimigo do Homem que é o próprio homem…

Material utilizado:

Cana: Hunthouse Puncture 2,73m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Passeante


Tal como tinha escrito ali atrás, antes da pesca fiz uma boa maré de amêijoas, escusado dizer que trouxe apenas as maiores e deixei lá as mais pequenas para crescerem.

O ouro da Ria Formosa

Bom pessoal por hoje é tudo, despeço-me com estes 2 kilinhos de amêijoa que é uma apanha que me dá bastante prazer quando tenho a sorte de dar com um cantinho forrado delas. 
Fiquem bem e força aí…

quinta-feira, 13 de março de 2025

Obrigado Jana

“Surfcasting”

Boas pessoal!

Assim que iniciei a minha temporada este Inverno e isso vai de Outubro a Abril sensivelmente como muitos de vocês sabem, disse a mim mesmo que ia aproveitar todas as oportunidades que estivessem ao meu alcance tal como fazia antigamente, tenho abdicado de muita coisa nos últimos meses por causa da paixão que tenho pela pesca invernal, tenho patinado muito, rapei muito frio, apanhei alguma chuva e também tenho feito muitos kms, tamanha dedicação faz com que os resultados apareçam mais cedo ou mais tarde, mas não se iludam meus amigos porque detrás desses resultados existem muitas negas, muitos chibos, muitas desilusões, muito limo e muitas dores musculares e articulares causadas pelo cansaço e dezenas de noites mal dormidas. Tamanha força de vontade renasceu de situações menos boas pelas quais todos nós passamos e que por ironia do destino nos tornam mais fortes, mais resistentes e no meu caso ainda mais teimoso do que eu já era…

A tempestade “Jana” andou por aí a fazer das suas, foi um sistema depressionário com muita chuva, muito vento e com bastante agitação marítima que entrou com boa direcção aqui na costa sul do sul, já havia uns dias que estava de olho nestas previsões, seguia todas as actualizações meteorológicas para escolher o dia certo e a hora exacta para atacar, estava mesmo decidido que tinha de aproveitar estas Invernosas condições que “Jana” me oferecia fosse onde fosse, sinceramente até nem me importava de não apanhar peixe, mas ao menos ficava com o sentimento de dever cumprido e consciência tranquila.

Depois de estudar bem as condições e ter pensado em três praias possíveis para aquele dia saí de casa umas horas antes e fui observar atentamente uma por uma até me decidir pela praia onde eu já não pescava há quase vinte anos, tal ausência deve-se a ser demasiado concorrida e eu não gosto de pescar com vizinhos a não ser que sejam conhecidos ou amigos, só que neste dia derivado ao vento penso eu haviam apenas dois pescadores e bem afastados do sítio que me agradou bastante e fiquei com o feeling de que aquele fundão de águas tapadas ia dar cartas naquela noite.

Desta vez não apanhei chuva mas a máquina do vento estava ligada e havia bastantes vestígios do temporal que durante dias castigou esta praia com a forte ondulação, por mais leis que inventem será sempre a lei da Natureza que será a mais forte de todas as leis…

Antes de deixar a carrinha e meter a carga às costas para seguir caminho até ao pesqueiro ainda aqueci uma salada de ovas que era para comer fria mas naquele dia apeteceu-me qualquer coisa quente com um copo de vinho, um gajo também tem de comer alguma coisa atão!!! 😋

Com os vadeadores a pedirem reforma e sem tempo para os remendar decidi vestir o fato de neopreno e montei as canas só ao final da tarde ainda com algum vento incomodativo mas já com menos intensidade do que esteve durante o dia e a previsão era perder ainda mais força com o passar das horas, o meu maior receio era o limo e a ruama, mas depois de um primeiro lançamento para apalpar o terreno detectei que o limo felizmente era pouco e a ruama zero, para começar era um bom sinal, já com as duas canas lançadas os minutos passavam as horas passavam mas sinal de peixe nada e o vento apesar de ser menos era chato, há dias de pesca que mais vale desistir, mas alguma coisa me dizia que neste dia desistir não era a opção certa e quando me apercebi de que nem os sargos andavam por lá comecei a apostar tudo nos Robalos a ver se apanhava pelo menos um de bom tamanho para safar a pesca, fiz um ponto da situação e estabeleci uma hora limite para arrumar a tralha se não aparecesse pelo menos um Robalo jeitoso.

Foi então que quando me viro e olho para uma das canas estava completamente dobrada, ao contrário do que muitos pescadores fazem de ir a correr para a cana, fui caminhando calmamente em direcção da mesma com os olhos postos naquela ponteira que permanecia vergada e me enchia a alma de prazer, pois acho que a pescar sem pedras por perto não tenho necessidade de forçar demasiado um peixe que acabou de se ferrar e ainda está cheio de força, outra coisa que também me faz confusão e que vejo bastante em vídeos de pesca é aqueles pescadores que dão à manivela com o drag demasiado aberto, ou seja em dez voltas que dão á manivela recuperam 1m ou 2m de linha, drag um pouco aberto sim mas nem 8 nem 80.

Bom, peguei na cana e de imediato senti uma reacção agressiva do lado oposto, o velhaco deu-me ordem para não apertar com ele, e ordens são ordens, fui recuperando lentamente tentando amortecer sempre as cabeçadas que o velhaco dava ao mesmo tempo que ia caminhando pela praia e com a ajuda do mar o peixe acabou por sair algumas dezenas de metros mais à esquerda, era um belo Robalo grande e bonito que foi guardado na saca, confesso que apesar de estar naquele momento a fazer uma pesca direcionada para Robalos grandes não estava à espera de ser presenteado com um deste calibre, claro que fiquei super feliz e de seguida isquei e lancei novamente aquela cana, faço uma revisão à outra e a iscada estava tal e qual eu a tinha lançado, nisto olho para a cana que tinha apanhado o peixe e já estava dobrada outra vez (disse logo para mim a falar sozinho: então só gostam dessa, é mais bonita do que esta!!?) comecei a recuperar e logo me apercebi que tinha lá outro velhaco dos bons, trabalhei-o da mesma forma que o outro e um pouco depois já estava em seco, este um pouco mais pequeno do que o primeiro foi guardado na saca também, tal como disse no relato anterior não gosto que os peixes se sintam sozinhos dentro da saca 😊

Meus amigos não querendo entrar em muitos pormenores para não alongar demasiado este relato; pesquei mais cerca de 1h e sem sentir qualquer peixe decidi terminar esta jornada e arrumar a tralha, pois a pesca estava mais que feita e ainda vinha a horas decentes para casa e dormir umas horas, pois no dia seguinte havia muito trabalho de limpeza para fazer ao material e preparar este relato para vocês…


Terminei esta pesca bastante satisfeito e até houve tempo para uma foto brincadeira, não sei se também acontece convosco mas quando desmonto tudo para ir embora o material nunca me cabe na mochila ou no ceirão 😄😄

Descobri um cantinho com uns belos lingueirões e achei por melhor trazê-los comigo antes que algum velho fosse ao cheiro deles 😉

Um lingueirão à Homem, acho que foi o maior que apanhei até hoje, tinha 15cm…

Bom pessoal por hoje é tudo, obrigado a todos aqueles que leem e comentam assiduamente os relatos que eu aqui escrevo para vocês, haja saúde e até uma próxima…

sexta-feira, 7 de março de 2025

De volta ao Território Lobo

“Spinning”

Boas pessoal Robaleiro!

Este tem sido um início de ano complicado para pescar junto ao Mar com boas condições, na vertente de spinning então é quase preciso que haja um milagre.

Já havia bastante tempo que não ia ao "meu" território Lobo, pois a Mãe Natureza não tem permitido com o seu defeso natural e com as maresias que têm feito por aí nas últimas semanas já me palpitava que não ia encontrar os pesqueiros em boas condições, assim sendo decidi antecipar-me ao problema e ir pescar em zona de laredos, nesse terreno ao menos já sei com o que posso contar e como pescar em cada um deles consoante o tipo de mar, maré e vento.

Cheguei ao final da tarde e as nuvens empoleiradas umas nas outras pareciam torres de fumo negro anunciando a chuva que as previsões davam para a madrugada seguinte.

Por aquelas bandas não se via ninguém e apressei-me a descer o laredo para começar a pescar no aceio da tarde, após os primeiros lançamentos e sem sinal de peixe prendi uma amostra nas pedras mas com alguma paciência lá a consegui soltar, já ia com 2h de pesca e ainda não tinha sido incomodado por um único peixe até que tive um ataque daqueles de cortar a respiração, fiz uma ferragem rápida e forte até senti as fateixas a raspar nas escamas ou na cabeça do velhaco, mas não tive sucesso e lá foi ele à vida, já não bastava não sentir nada durante horas que ainda por cima toca-me um peixe bom e não o consigo ferrar, ficou registado como uma libertação, mesmo que forçada…

Mais 1h se passou e já com menos água no pesqueiro tinha pouca esperança de apanhar por ali qualquer coisa até mesmo com a Atila que nada baixinho e já embirrava com as pedras, nisto levo uma pancada daquelas que não tive bem a certeza se era peixe ou pedra mas pelo sim pelo não fiz a ferragem e para minha surpresa era peixe que por sinal bem energético e que se debateu com umas boas cabeçadas, mas no meio de tanta pedra eu não podia vacilar nem lhe dar liberdade e com a cana ao alto obriguei-o a vir na minha direcção e desta vez com a sorte do meu lado um set naquele momento ajudou-me a meter este peixe em seco com facilidade, de vez em quando também tem de correr bem para o lado do pescador, por vezes acredito nas oferendas que o mar me dá por tamanho sacrifício e dedicação e esta com toda a certeza foi mais uma delas, não fiz mais qualquer lançamento e decidi subir para tomar um bom reforço e depois ir fazer a 2ªparte em outro laredo que costumo apanhar uns peixes com pouca água…

Já na carrinha aqueci uma sopa de grão com carne, chouriço e ovo para repor energias e a seguir fazer outro ataque, a minha avó sempre disse que um homem com fome não vai a lado nenhum e realmente tinha razão porque isto um gajo tem de comer alguma coisa atão!!! 😋

Nesta vez a pesca foi feita num laredo ali pertinho mas como a maré tinha pouca água podia pescar num bico de pedra mais avançado e daí tirar partido dos lançamentos para uma zona com melhor profundidade, mas ao início a ondulação vinha de seguida o que comprometia o sucesso dos lançamentos e resolvi esperar um pouco até que o mar deu uma xanada e aproveitei para fazer uns tiros, quando dei por mim já tinha peixe a bater e não sendo peixe grande rapidamente o trouxe até mim e encalhei-o nas pedras, era uma baila já jeitosa e foi para a saca.

Enquanto a prova dos nove se decidia a coberto da escuridão e num momento romântico em que o meu pensamento ainda namorava aquela linda baila eis que tive outro ataque mas que não ferrou, pareceu-me ser outra baila e uns minutos mais tarde tinha lá outra presa na Atila, esta mais pequena mas ainda assim foi fazer companhia à outra, pois não gosto que os peixes se sintam sozinhos dentro da saca.

Entretanto o mar já aumentara o seu tamanho e comecei a sentir umas pinguinhas na cara, sinal de que a chuva prometida se aproximava e perante previsões não há argumentos, obedeci à Mãe Natureza e decidi terminar por ali, ainda tirei umas fotos às bailas rapidamente e eram horas de dar à perna falésia acima mas antes ainda tinha de caminhar uns 100 m em pedras molhadas e escorregadias, as tais pinguinhas rapidamente se transformaram em pingonas e passados dez minutos chovia como Deus mandava, não demorou muito para que a água que a chuva despejava na encosta começasse a descer o laredo, houve uma altura que aquilo parecia as Cataratas do Niágara 😄😄, a lama escorregadia e negra atravessava-se no meu caminho e foi então que resolvi parar um pouco para descansar e quando olho às horas o relógio marcava 3:40h da madrugada, que belo horário para fazer este lindo passeio ao ar livre, se estava mal na cama claro que não, muito pelo contrário só que na cama não se apanham Robalos, nem mesmo com a tal sorte…

Material utilizado nas duas pescas:

Cana: 3m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Átila (Hunthouse)

Depois de me ter despido debaixo de chuva arrumei tudo à pressa para  não me molhar ainda mais e deitei-me umas horinhas na carrinha para descansar o esqueleto, quando acordei fui recebido assim.

De seguida fiz um bom pequeno-almoço e segui viagem de volta à pasmaceira da cidade onde muitos dizem que tudo se passa mas que para mim não se passa é nada (casas, carros, barulho, confusão e muita gente falsa)

Haja saúde e até à próxima pessoal, força aí...

segunda-feira, 3 de março de 2025

Um Jogo de Paciência

“Spinning”

Boas pessoal!

Num Inverno que não tem sido nada fácil no que diz respeito a condições minimamente aceitáveis para praticar qualquer uma das minhas duas vertentes de pesca preferidas (Spinning & Surfcasting), digo aceitáveis porque condições perfeitas essas já me esqueci da última vez em que pesquei com elas, parece que é mais fácil acertar no euromilhões, chego a pesquisar condições para a costa norte do sul, sotavento, barlavento e nada mas nada se ajeita, quando não é o mar que é muito é o período que é demasiado elevado, quando não é uma coisa nem outra é o vento que não está de feição ou então está a jeito o dia todo e muda para a direcção oposta à hora de ir fazer uns lançamentos, quando parece que as coisas se vão compor é a porra do limo que aparece na costa e deita tudo a perder, tem sido uma dor de cabeça constante e uma ginástica mental para conseguir encontrar umas condições porreiras para pescar e que sejam do agrado do peixe e que o façam encostar, por vezes nem dentro da ria se consegue ter uma pequena feição para se tentar uns peixes.

Neste dia as expectativas eram altas mas achei melhor moderá-las para não me sair o tiro pela culatra, um mar com boa cara esperava por mim num spot onde já não metia lá os pés há bastante tempo, com os primeiros lançamentos sucediam-se uns pequenos toques que eu não sabia bem precisar se eram bailinhas ou robalinhos, mais tarde tive a oportunidade de confirmar o que era com a captura e libertação de dois robalinhos .

Entretanto depois de andar alguns metros para uma zona mais à esquerda que eu considero o sítio mais quente deste spot, reparei que os últimos mares tinham levado muita areia e que havia muitas pedras a descoberto, as amostras batiam demasiado e sem sentir peixe mudei para uma Átila que já me tinha dado uns peixes anteriormente nesta cor, é impressionante como o trabalhar de uma amostra pode fazer a diferença entre apanhar ou não apanhar peixe em certa hora da maré e em determinado pesqueiro.

Foi o mesmo que perguntar ao macaco se quer bananas e ao segundo lançamento assim que a amostra caiu na água e começou a nadar, levei uma porrada do caneco sem estar à espera mas não consegui ferrar o peixe, de seguida fiquei um bom bocado sem sinal de peixe e mais tarde voltei a sentir peixe a bicar a amostra com desconfiança e lá consegui ferrar um robalote que rapidamente veio ter comigo, peixe guardado na saca e mais uns lançamentos outro robalo a bicar à desconfiança, consegui picá-lo e fazer com que este se joga-se ao rabo da amostra e ferrou-se apenas num anzol do triplo, este um pouco maior do que o primeiro veio ter comigo também e logo de seguida foi fazer companhia ao outro que se estava a sentir sozinho dentro da saca.

Voltei à dança dos lançamentos com o objectivo de capturar “aquele” malandro que me tinha escapado ao início mas sem sucesso e quando dei por mim já passavam vinte minutos da hora limite a que eu me tinha comprometido pescar e dei assim por encerrada esta jornada de spinning com estes dois robalotes apenas…

Material utilizado:

Cana: Hunthouse Puncture 2,73m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Átila

Bom mas com muito ou pouco peixe um gajo tem de comer alguma coisa atão 😋  Uns ovos mexidos com peito de frango feitos ali na hora e um vinho para Homens de barba rija 😄 ao menos era o que dizia na garrafa 😂

Hoje em dia grande parte dos pescadores na vida põe tudo e mais que tudo à frente da pesca, claro que depois é difícil de chegar aos bons resultados, mas quando há um que põe a pesca à frente de tudo e mais que tudo parece que alguns dos primeiros se sentem incomodados, a vida é feita de escolhas, cada um tem as suas e há que respeitar sempre as do próximo…

Maré de Búzios e Canilhas

Búzios

Búzios

Búzios

Canilhas

Bom pessoal e é assim que me despeço hoje aqui neste espaço mais uma vez, apesar das condições este ano andarem do contra, há que ter paciência neste jogo e continuar a procurar alternativas.

Haja saúde da boa e força aí…


 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A Sorte dá Trabalho

“Surfcasting”

Boas pessoal Robaleiro 😊

Este tem sido um Inverno generoso comigo no que diz respeito a Robalos, mas eles não veem ter comigo, sou eu que vou à procura deles se é que me entendem, desde o início disse para mim mesmo que nesta temporada não ia facilitar e desde então tenho-me dedicado com afinco, dias e noites, frios, ventos, humidades, chuva no lombo, dores no corpo articulares e musculares do cansaço e falta de ir à cama, a juntar a isto tudo também há muito trabalho de casa para fazer desde a preparação e limpeza do material, os iscos, estudar previsões e pensar em alternativas, por vezes inventar e reinventar, etc, etc, neste caso e como se costuma dizer por aí, a sorte dá trabalho...

Ainda no dia antes tinha lutado contra umas condições super difíceis de mar forte e muito limo em que eu acho que fiz tudo e muito mais que tudo para conseguir dar a volta à situação mas nada resultou, sem baixar os braços tentei manter a moral elevada e no dia seguinte lá fui eu outra vez patinar na areia, com um vadeador a precisar de reparação e o outro todo molhado e mal cheiroso a precisar de ser lavado optei por levar o equipamento de neoprene…

Finalmente com as canas a pescar restava-me esperar que eles não fizessem cerimonia e comessem o pitéu que eu lhes tinha preparado para aquela jornada em que cheguei ainda cedo para montar tudo nas calmas e começar a pescar ainda de dia antes que a prometida chuva chegasse, com uma cana a pescar aos Robalos e outra a pescar aos Sargos estes últimos lá iam dando o ar de sua graça e a conta-gotas lá foram saindo uns poucos, os mais pequenos eram devolvidos e os mais jeitosos eram guardados na geleira...

A noite chegou e com ela umas pingas de chuva que volta e meia me acertavam na cara, certificava-me frequentemente de que as iscadas estavam em bom estado e as pescas trabalhavam bem, foi então numa dessas vezes que quando cheguei à cana tinha boas notícias (a linha estava frouxa, muuuuuito frouxa) 😉gosto tanto quando estou a pescar aos Robalos e isso acontece, carinhosamente peguei na cana e no meio da escuridão enquanto caminhava pela praia e recuperava cautelosamente metro a metro a minha mente imaginava o que se estava a passar no liquido, aos poucos eu sentia que ele estava mais perto, ao mesmo tempo parecia que o velhaco me sentia o cheiro e cabeceava para tentar libertar-se do anzol mas foi em vão…

Com a ajuda das ondas veio sucumbir aos meus pés e não perdi tempo a meter-lhe os dois dedos nas guelras e trazê-lo comigo para uma zona segura, mais um bonito exemplar para a minha conta este ano, para alguma coisa serviram as 50 passas que eu papei na noite da passagem de ano e pelas quais pedi 50 Robalos como desejo, ainda hoje arroto àquelas passas 😄

Ainda fiquei mais um par de horas à pesca mas a teimosia da chuva acabou por me convencer a abandonar o local e com tudo molhado e cheio de areia acabei por já não tirar a foto do total da faina no pesqueiro, estes foram os Sargos que selecionei para trazer comigo…

Aproveitei um dia em que não ia à pesca para apanhar meia dúzia de lingueirões e uns buziozinhos que se atravessaram no meu caminho vieram também...

Volta e meia quando tenho tempo e a cozinha está livre gosto de ir para o fogão, neste dia fiz uma espécie de caldeirada à Lobo com uns chocos que eu tinha encontrado dentro de um dos muitos covos que dão à costa durante os temporais de Inverno aqui no sul do sul, um gajo também tem de comer alguma coisa, atão 😋

Bom pessoal, por hoje é tudo, saúde da boa e força aí…