terça-feira, 22 de abril de 2025

O Segredo do Spinning

“Spinning”

Boas pessoal Robaleiro!

Há uns dias atrás decidi programar uma jornada para queimar os últimos cartuxos como se costuma dizer, apesar de as condições não serem as melhores meti na cabeça que ia continuar com aquela dedicação a que me propus no início da minha temporada Invernal.

Nesta jornada mais uma vez iria apostar no grande segredo do spinning para tentar enganar algum Robalo que andasse por ali nas imediações da zona escolhida por mim. Comecei por usar um vinil e depois um jerk que me deu alguns Robalos esta temporada, mas neste dia estava a precisar de uma amostra maior para alcançar um cabeço que havia mais por fora, decidi então mudar para a Leika Killler e comecei a bater toda a zona, lançava longe lançava mais perto, recuperava mais lento recuperava mais rápido e nada, estava difícil de entrar ali um peixe para me alegrar…

Mas continuei sempre com aquela dedicação e claro sempre a usar o grande segredo do spinning, a uma certa altura senti um toque ao qual eu respondi com uma ferragem forte mas não foi suficiente para o ferrar e logo depois de três ou quatro maniveladas ao carreto novo ataque e automaticamente faço outra ferragem e desta vez sim, ficou lá preso e seguiu-se aquela brincadeira que só nós os pescadores de corrico sabemos o prazer que dá e é por isso que lá vamos tantas e tantas vezes mesmo sem sentir um único peixe, depois de guardar o menino na saca e dentro do ceirão continuei a investir com lançamentos e mais lançamentos, trocas de amostras e etc…

Quando dei por mim já tinha passado da hora à qual eu tinha pensado que seria o limite e foi então que decidi guardar tudo e levar o rumo da carrinha para aconchegar o estômago com qualquer coisa.

Pois é pessoal, o grande segredo do spinning é insistir, e quando não resulta só há uma coisa a fazer, que é continuar a insistir 😉😉

Material utilizado:

Cana: 3m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Leika Killer


Estava mais do que na hora de dar ao dente, uma sopa de feijão com chouriço e pão, para desembaçar uma garrafinha de Papa Figos que o meu amigo João Santana me
ofereceu, um gajo também tem de comer alguma coisa, atão 😊😊

De seguida para amaciar a digestão, uma fatia de folar com dois pirulitos de néctar dos Deuses 😋😋    e depois uma voltinha ali nas imediações da carrinha no silêncio da noite e sentir toda aquela sensação de bem estar oferecida pela Natureza nocturna…

O pôr-do-sol apesar de agora já ser mais a oeste mas continua a ser um momento sempre bonito de se observar.

No dia seguinte ainda houve tempo para o tal passeio

Cores da Primavera

Uma pequena marésita de búzios para o petisco

Uma foto antiga numa tarde inesquecível, momentos como este longe da sufocante realidade social para mim valem tanto como qualquer boa pescaria, o mundo está mudado, a mentalidade das pessoas está mudada, já nada é o que era...

Haja saúde e força aí pessoal.

 

terça-feira, 15 de abril de 2025

Sargalhões do Sul

“Surfcasting”

Boas pessoal!

Este tem sido um Inverno à antiga como há muito não se via aqui na costa sul do sul, ondulações e ventos por vezes fortes do quadrante certo que castigam e mastigam as praias, tormentas que remexem os fundos e deslocam peixe e comedia, são condições de ouro e que não se podem perder. 

Neste dia havia um almoço de família, mas comigo a pesca está sempre em primeiro lugar, os bons dias de pesca não são quando eu quero, são quando a mãe Natureza quer, por boas condições às vezes espero durante semanas ou meses, não deixo que nada nem ninguém me roube esse dia a não ser por uma questão de saúde urgente…

O dia começou cedo, antes de clarear já estava no spot escolhido, aproveitei para fazer um café na carrinha e queimar alguns minutos enquanto a maré ainda vazava, pois tinha de caminhar bastante e atravessar um regato pela ria até chegar à costa, esperei cinco minutos para poder passar mais à vontade, cinco minutos pode parecer pouco, mas por vezes faz a diferença entre molhar ou não aquele testículo que está mais descaído e que dá um desconforto do caráças 😆😆

No Mar quer eu olhasse para a direita ou para a esquerda estava lá escrito Sargos, os primeiros lançamentos deixaram-me aliviado, pois a ausência de limo era uma mais-valia para a pesca correr minimamente bem, com as duas canas montadas e a pescar neste dia direcionadas apenas aos Sargos lá começaram a sair uns pequenotes que iam sendo devolvidos, nesta primeira fase da pesca guardei apenas os dois peixes mais pequenos deste dia…

Na pesca como em tantas outras coisas da vida sempre gostei de pôr em prática as minhas ideias, umas vezes calha bem outras nem por isso, há mais de vinte anos atrás por intuição minha comecei a usar alguns iscos que achei que fizessem a diferença em distintos cenários de pesca, embora nos dias que correm já não haja muito para descobrir ou inventar mas as ideias na minha cabeça continuam a germinar, tal como há mais de vinte anos atrás, umas vezes corre bem outras nem por isso…

Nesta fase da maré o mar estava aprumado, digo do tamanho ideal e o vento do quadrante certo com pouca intensidade, tudo indicava que estava na hora de aparecerem uns Sargalhões para animar a festa, pois não demorou muito até começarem a sair uns de boa bitola…

Este foi o primeiro Sargalhão a trocar o seu habitat natural pelo conforto da minha geleira 😄😄

A seguir veio mais outro kileiro e a ruama teimava em estragar-me a pesca, devorando as iscas que eu lançava ao mar, para apanhar um Sargo bom tinha de ser logo nos primeiros instantes que a chumbada tocava no fundo, se não fosse assim as piranhas não davam hipótese alguma…

Tive ali uma fase de bastante actividade e muito atarefada que não dava conta de lançar e puxar as duas canas, ou vinha peixe para guardar ou devolver ou então só vinha o elástico no anzol, acho que naquele momento se me apontassem uma arma à cabeça e dissessem (as canas ou a vida) eu respondia; leva a vida porque eu agora preciso das canas 😆😆

Estes foram os Sargos que guardei para trazer comigo, três deles maiores do que uma garrafa de 1,5L e ainda uma baila que saiu na ultima cana que recolhi e já não ficou na foto de grupo, se não fosse a “ruama” podia ter feito uma pesca daquelas memoráveis, mas também se houvesse limo tinha vindo com uma mão na frente e outra atrás como já aconteceu várias vezes, custa muito saber ou presumir que estão lá uns Sargos bons para apanhar e o limo não deixar pescar, é uma sensação de impotência que não há volta a dar a não ser arrumar tudo e voltar para casa e lavar o material sem ter pescado…

Esta foi uma maré de lingueirão

Bom pessoal hoje despeço-me assim porque um gajo também tem de comer alguma coisa, atão 😊😉

Haja saúde para todos vós, força aí…

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Na Recta Final

“Spinning”

Boas pessoal Robaleiro!

Há uns dias atrás as condições ofereceram-me uma janela de oportunidade e uma vez que estou na recta final da minha temporada não quis perder esta hipótese, sinceramente não me dava muito jeito no dia em que foi mas calhou assim e não sou eu que decido e sim o Mar, aprendi à minha custa que se quero ter sucesso na pesca tenho de a meter como prioridade nrº1 na vida…

O spot escolhido neste dia é para mim algo de majestoso, é um laredo que quando lá vou sinto que vale a pena viver só para disfrutar daqueles momentos, é como se tratasse de uma relação íntima com a Natureza.

Cheguei um pouco atrasado, coisa de que eu não gosto nada porque acabo por ter de preparar tudo numa correria, a pressa é o maior inimigo da perfeição e por vezes até mesmo da segurança, esse elemento que na pesca não pode ser ignorado.

Aos primeiros lançamentos senti dois toques, um deles até com alguma potência mas fiquei com o pressentimento de que o intruso não estavam com muito apetite, os Robalos muitas vezes não atacam apenas para comer, atacam por territorialidade, atacam para afugentar ou simplesmente porque sim, é o instinto de predador. 

O Mar trabalhava bem, contornei um bico de pedra e fui para um caneiro mais a norte, o jeito era igual e ao primeiro lançamento levei uma cacetada à qual respondi com uma potente ferragem, desta vez consegui cravar a amostra nos queixos do menino, seguiu-se aquela brincadeira que todos os amantes do corrico gostam e pouco depois lá estava ele ao meu lado em cima das pedras, já tinha peixe para sujar a saca, fiz mais uns lançamentos mas pouco depois voltei a contornar o bico de pedra e fui lançar novamente ao caneiro mais a sul, desta vez foi o segundo lançamento que me presenteou com um Robalo, este um pouco maior e mais brincalhão bem tentou libertar-se da amostra mas sem sucesso, quando dei por mim estava em seco e foi fazer companhia ao outro para dentro da saca, entretanto já tinha passado algum tempo e tive um pressentimento de que a pesca estava feita, limitei a mais dez lançamentos e satisfeito dei por terminada esta jornada com dois Robalos de boa bitola.

Eu costumo dizer que na pesca não preciso de ter sorte, só preciso é de não ter azar, pois sei que mais cedo ou mais tarde os resultados vão aparecer com certeza…

Material utilizado:

Cana: 3m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Leika Killer (Hunthouse)


No dia seguinte acordei com uma larica do catano e preparei logo um pequeno-almoço à Homem, fiz um refugado de cebola e alhos…

E misturei uns ovos mexidos com frango, um gajo também tem de comer alguma coisa atão 😄😋

Efeitos da Primavera

Depois do habitual passeio estava na hora de voltar ao mundo dito civilizado, o qual eu acho que de civilizado não tem nada.

Maré de búzios

Maré de búzios

Bom pessoal por hoje é tudo, haja saúde e portem-se bem 😊

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Um Ano de Robalos

“Surfcasting”

Boas pessoal!

Em tempos que se fala que não há Robalos como havia antigamente eu estou a ter a minha melhor temporada de sempre no que diz respeito a quantidade e tamanho, será que não há mesmo ou será que muitos pescadores não se dedicam como o deveriam fazer, os Robalos não estão ao virar da esquina, os Robalos não estão por detrás da porta e nem debaixo de uma pedra qualquer, os Robalos movimentam-se e há que procura-los incansavelmente em vários cenários diferentes consoante as condições de mar, quem quer cruzar o caminho destes peixes tem de estar atento e insistir bastante mesmo que muitas das vezes o chibo seja garantido, agora aqueles que pescam apenas meia dúzia de vezes no Inverno ou no ano e depois querem apanhar uma mão cheia de bons Robalos será mais difícil.

Desta fez fui fazer uma diurna, levantei-me bem antes do sol, eram 5h da manhã e com tudo pronto do dia anterior saí de casa ainda de noite, cheguei à praia montei as duas canas e comecei a pescar nos primeiros alvores do dia, tudo indicava que seria um dia porreiro de pesca, não havendo algas por mim está tudo bem. Foi logo num dos primeiros lançamentos e que ainda mal não tinha virado as costas e já a cana estava dobrada, “epá porra mas que falta de respeito nem me deixou afastar um pouco para ver melhor a pancada”, peguei na cana ao alto e de imediato percebi que tinha ali um Robalo porreiro, desta vez estava a pescar fino e não pude apertar demasiado com o peixe, andei um pouco para o lado enquanto recuperava até que vi o velhaco a dar ao rabo ali no meio da espuma, o gajo ainda deu duas arrancadas para lá da rebentação mas as ondas foram minhas amigas e ajudaram-me a meter o velhaco em seco, a coisa até estava a começar bem, mal adivinhava eu o que me esperava…

Enquanto o sol e as nuvens faziam braço de ferro a ver quem levava a melhor, eu tomava conta das canas como se fosse um guarda-costas, por estas bandas há muita ruama e se não estiver atento arrisco-me a ficar com as iscas desfeitas sem me aperceber.

Este foi o meu prémio de consolação por tanta dedicação, pouco tempo depois começou a entrar limo que foi um disparate, em apenas cinco minutos ficava com a linha cheia de limo o que tornava impossível continuar a pescar.

Apesar de ter insistido bastante, mais tarde acabei por desistir, pois achei que dali em diante a tendência seria piorar ainda mais, esta tem sido uma temporada em que a Mãe Natureza tem feito de tudo para testar as minhas capacidades e insistência até ao limite, tenho tido jornadas que mais parecem obras do bruxedo, até dou por mim a pensar se aquilo aconteceu mesmo ou se foi um pesadelo…

Aproveitei umas boas marés para apanhar um mariscote

Canilhas

Mais Canilhas

Búzios

E mais Canilhas

Um dia destes o meu grande amigo João Santana veio até ao sul do sul e desafiou-me para ir beber umas cervejas e comer uma big tosta à qual eu não consegui resistir, pois um gajo também tem de comer alguma coisa atão 😋😄 claro que o assunto foi peixe e marisco.

Pessoal por hoje é tudo, haja saúde e portem-se bem, força aí…


 

sexta-feira, 28 de março de 2025

Robalo de Primavera

“Surfcasting”

Boas pessoal Robaleiro!

Um dia destes fui dar um passeio ao território Lobo com o objectivo de fazer uma jornada de surfcasting e tentar pescar o primeiro Robalo da Primavera, nos últimos tempos e apesar das boas capturas que tenho feito neste tipo de pesca sinto-me um pouco “prisioneiro” quando pesco nesta vertente, pois a liberdade do spinning permite-me mudar de sítio rapidamente e percorrer uma maior extensão de areia ou pedra em busca do tão cobiçado troféu que é o Robalo, mas neste dia derivado a alguns factores a melhor solução seria esta…

Vivemos tempos em que toda a gente sabe como se apanha peixe e quais são os melhores iscos, a informação fácil obtida através das redes sociais faz com que um principiante que vá pescar pela primeira vez ou nas suas primeiras jornadas já leva consigo os melhores iscos ou amostras para tentar enganar os Robalos, coisa que noutros tempos era impensável, desde cedo habituei-me a fazer as minhas experiencias principalmente no surfcasting, experimentar montagens, iscos e sua melhor maneira de iscá-los, descobrir spots e insistir nestes várias vezes mesmo a carregar uns valentes chibos e tentar perceber se vale ou não a pena continuar a investir ali.

Neste dia o pesqueiro escolhido foi daqueles que os Robalos podem ser grandes mas os chibos podem ser ainda maiores, o local estava completamente desareado na parte de cima junto à falésia, mas não foi coisa que já não me palpitasse, com o passar dos anos um gajo ganha “calo” e vai conhecendo o comportamento do mar e de certos pesqueiros, fruto da experiencia acumulada ao longo das duas últimas décadas e de muitas noites invernais, umas foram noites de glória, outras de fracasso, esta foi de orgulho porque sendo eu um grande teimoso sempre acreditei e insisti neste spot desde que o descobri pela primeira vez há quase vinte anos…

Assim que cheguei apressei-me a descer o aceiro para chegar lá em baixo ainda de dia e montar as canas com claridade, à primeira vista a perspectiva era boa pois parecia que todo mar respirava através daquele espumeiro e seria nele que eu ia meter as minhas pescas à espera de um velhaco solitário que se passeasse por ali ao abrigo da escuridão.

Fez-se noite e com as canas a pescar mas sem sentir a presença do que eu procurava decidi sentar-me naquele que supostamente seria o único metro de areia em que pelas minhas contas o mar não iria chegar naquela noite e aproveitei para improvisar uma mesa e tomar um reforço, neste dia foi tudo tão à pressa que o melhor que se arranjou para levar lá para baixo foi uma conserva de lulas em tomate com uma fatia de pão mole da semana passada, um gajo também tem de comer alguma coisisnha atão!!! 😄😋

Volta e meia tinha de trocar as iscas porque apesar dos sargos serem poucos e pequenos eram mais do que suficientes para chatearem, a maré já levava uma boa enchente, olhava eu para uma cana e nada, olhava para a outra e nada, bom pelo andar da carruagem o almoço amanhã vai ser uma fome pegada pensei eu 😄

A teimosia dizia-me para continuar a insistir nos Robalos, os pequenos sargos diziam-me para meter mais isco e eu já meio baralhado das ideias pensava no que poderia fazer para dar a volta à situação e nisto vejo uma das canas a balançar e quando lhe pego tinha a linha frouxa, situação que naquele pesqueiro não convém devido à presença de pedras, rapidamente enrolei a linha até esticar e logo vi que tinha lá um bom peixe e tudo indicava que seria um Robalo, cana ao alto linha esticada e tivemos ali dois dedos de conversa só para conhecer o adversário e agora sim, estava na hora de ser eu a apresentar-me e dizer que quem tinha a faca e o queijo na mão era eu, a pescar um pouco mais grosso do que é habitual devido à morfologia do pesqueiro pude apertar com o velhaco e assim dizer-lhe qual seria a direcção a tomar para vir ao meu encontro, peixe aos meus pés joguei-lhe a mão e aproveitei para tirar uma foto antes de o guardar na saca, para quem já ouvia o chibo a berrar atrás das costas este peixe trouxe-me uma lufada de ar fresco e deixou-me animado naquele momento. A insistência continuou por mais um par de horas mas nada alterou o resultado desta jornada e chegou a hora de arrumar tudo e ir descansar.

Coisas lindas da Natureza e que tornam a pesca ainda mais bonita, enquanto andei por ali a explorar o pesqueiro à noite dei de caras com este rabo-ruivo que pernoitava num buraco de rocha…

O sol apareceu um pouco mais forte e logo a Primavera se mostrou em força.

O dia seguinte foi de passeio antes de voltar ao sufoco da cidade.

E ainda houve tempo para juntar dois sacos de lixo ali perto da carrinha.

Mais uma pequena maré de canilhas e búzios.

Bom pessoal por hoje é tudo, espero que tenham gostado de mais um relato de surfcasting, haja saúde e força aí…