quinta-feira, 30 de maio de 2019

***TUBARÃO*** Uma Força Demolidora

“Surfcasting”
Boas pessoal (amigos, leitores e seguidores)
Desde já vos aviso, preparem-se para ler 😊
Esta foi uma jornada do caraças. Tudo começou como sempre, a logística de preparar o material, decidir qual o isco a levar, estudar bem as previsões e escolher a praia mais indicada para a ondulação que estava naquele dia.
Cheguei bem cedo como eu gosto e fui espreitar duas praias que combinavam com aquele mar, o primeiro spot não me agradou nada e o segundo pouco ou nada me agradou, mas gostei mais da cor da água e decidi ficar por ali, pois não gosto de dar muitas voltas porque no fim quase sempre acabo por ficar numa das primeiras praias que vi, quantas e quantas vezes isso me aconteceu, então essa é uma asneira que eu já não faço…


Bom… Mas vamos lá à acção, sim acção; porque como eu disse no início esta foi uma jornada do caraças. Com os dois primeiros lançamentos feitos e as canas já a pescar sentei-me um bocado a beber um café com um chocolate, quando vejo uma das canas dar um toque e vergando logo de seguida, mas esperam aí; vergou mas vergou como eu nunca tinha visto, aquilo parecia um comboio a puxar a linha, preguei um salto e lá se foi o café e o chocolate, agarrei-me à cana que mais um pouco saltava do suporte e ia mar adentro a reboque daquela coisa, nunca tinha sentido uma força assim e aquilo fez-me disparar o batimento cardíaco a uns 200%, acreditem que por momentos fiquei sem saber o que fazer, depois daquela força demolidora me ter levado talvez uns 100m de linha, assim como começou assim acabou e fiquei apenas com o peso da chumbada. 

Ainda sem saber ao certo o que tinha acontecido, recuperei e quando a pesca me chegou às mãos vi que aquela coisa me tinha cortado um 0,40 com os dentes. Pensando eu em voz alta claro (fonix mas o qué esta merda que anda aqui, será que foi uma anchova!!?) pois elas têm andado na zona, mas de repente  veio-me à ideia, epá isto deve mas é de ser os tubarões (tintureira) que andam aí, pois nesta altura do ano costumam encostar nestas praias…


Bom, mas o tempo passou e 2h mais tarde sem sinal de qualquer peixe estava eu muito bem descansado a comer uma batata-doce e nisto a mesma cana tóóómmmma lá vem o comboio outra vez, olhem que eu não sou de ir a correr para a cana, gosto de ver o peixe bater e ao mesmo tempo vou andando nas calmas em direcção à mesma, a não ser que haja pedras no pesqueiro, mas desta vez preguei um salto e lá se foi a batata-doce pó caneco também, agarro-me à cana e este parecia ainda maior do que o outro, começo a suar e as minhas pernas tremiam que nem varas verdes, com o drag apertado o suficiente para um 0,24 que usava naquele dia, aquela força demolidora teimava em não abrandar e quase me vazava o carreto, de um momento para o outro deixei de sentir o peixe e agora já sabia o que tinha acontecido, recuperei e claro que a linha estava corta pelos dentes daquela coisa.

Naquele momento senti-me um pouco frustrado para não dizer muito, sentei-me cerca de vinte minutos a falar sozinho e a fumar um cigarro e outro e mais outro e só depois é que fui fazer um estralho novo mas desta vez com 0,50 que era o mais grosso que tinha comigo neste dia…

Tudo ok e canas na água a pescar, entretanto já tinha passado mais um par de horas e nem sinal de peixe, pudera com aqueles predadores na zona nem um peixe que se aventurava a passear naquela praia, só se fosse algum camicase  😊 


A noite estava calma e serena, não se passava nada, eu pensava em sei lá no quê e quando olho para a cana da esquerda que ainda não tinha dito nada a noite toda, estava completamente dobrada (Óhh minha mãezinha, lá vem o comboio outra vez) pensei eu em voz alta e mais alguns palavrões pelo meio, corri para a cana e quando lhe pego o carreto zunia que nem um pião, pouco depois sinto uma pancadinha estranha e a bobine parou de rodar, coisa que nunca tinha sentido e acendo a luz para ver o que tinha acontecido, quando olho para a bobine estava completamente vazia (Áhh mãe qué iste móóó, NO LINE, onde é que eu já vi isto, agora quero ver como é que me safo desta) peguei na cana e o comboio continuava a puxar, a única coisa que eu podia fazer naquele momento era acompanhar o bicho e lá fui andando atrás do “comboio” entrando um pouco dentro de água tentando aguentar aquela força demolidora, linha para levar já não tinha, portanto das três uma; ou cortava com os dentes, ou partia tudo ou então vinha para terra custasse o que custasse. 

Os minutos foram passando e a linha sempre em tensão, havia momentos em que parecia que a pesca estava areada, deu-me a sensação que isto é bicho que se “deita” no fundo e eu com uma linha 0,24 não podia forçar em demasia, bom mas aos poucos aquela coisa lá começou a ceder, quando ele aliviava eu aproveitava e recuperava uns metros, volta e meia ele tirava-me dois ou três metros de linha mas logo de seguida eu recuperava cinco ou seis e assim lá fui conseguindo dar a volta ao resultado, mas sempre à espera do momento em que o velhaco me cortasse a linha ou que o nó do chicote rebentasse.

Entretanto já tinham passado quase trinta minutos e eu naquele momento só queria ter um bracinho direito suplente para trocar, pois as dores no braço já eram tantas que não sabia como haveria de agarrar na cana.
Com o Tubarão a entrar na zona de rebentação surgiam agora mais dois problemas, o nó do chicote que é o ponto mais frágil da linha e as escoas que não ajudavam em nada, sem ninguém na praia para me ajudar tive de me desenvencilhar sozinho, tentem imaginar o que foi aquilo (aguenta bracinho que já tá quase) eu só queria pôr os olhos no responsável por tal batalha e quando senti o nó do chicote a passar a ponteira pensei: (é agora ou nunca) aproveitei a ajuda das ondas que naquele momento estavam a meu favor e enrolei o máximo que pude, acendi a luz e lá estava o Tubarão com um palmo de água a tentar apanhar boleia da escoa, nem sabia como pegar naquilo para o puxar para cima, agarrei-o pelo rabo e arrastei-o pela areia até uma zona de segurança onde me deitei alguns minutos a olhar para aquele que foi um adversário formidável, não sei qual dos dois estava mais cansado, se ele ou eu. 

Agora tinha de o arrastar até à “base” onde tinha as minhas coisas, acho que me tinha dado menos trabalho se tivesse ido buscar a tralha toda para onde estava o velhaco, porra eu queria apanhar um peixe grande mas também não era preciso ser uma coisa assim…


Não sendo eu nenhum especialista em tubarões depois disto andei a pesquisar e cheguei à conclusão que lhe chamam vários nomes, tubarão tintureira ou tubarão azul, em outros países chamam-lhe tubarão bico doce, tubarão de focinho e tubarão vitamínico.

Neste dia o material foi posto à prova sendo levado ao seu limite máximo.
Depois disso houve tempo para tudo e mais alguma coisa, tirei umas fotos, disse palavrões, admirei-me, ri-me eu sei lá mais o quê…

Agora tinha outro problema, era levar o bicho até à carrinha, o Tubarão tinha um lombo mais grosso do que a minha coxa, não foi tarefa nada fácil e tive de fazer duas viagens, metê-lo na geleira claro que era impensável, com uma geleira tão grande que eu próprio fiz para meter peixes compridos e agora o raio do Tubarão não me cabe na geleira  😂

Agora imaginem se tivesse apanhado os três 😊
Uma coisa é quase certa, este vai ficar para a história, foi, é e será certamente o maior peixe da minha vida, media 1,62cm e pesava 21 Kg.
Assim sendo este é agora o meu novo recorde.



Bom mas depois daquele estrafego todo deu-me cá uma foméca que não vos digo nada, quando cheguei à carrinha lá tive de fazer uns ovos mexidos com salsichas para repor energias, um gajo tem de comer alguma coisa se não depois como é que tenho força pa puxar Tubarões 😂

 Pessoal aproveito para informar que vou fazer uma paragem de três ou quatro meses como já vem sendo hábito nesta altura do ano, quem me segue há já uns anos sabe que eu não gosto de pescar no verão por vários motivos sendo o calor e a confusão no Algarve o principal motivo.

 Termino assim esta temporada.
Tive dias bons, tive dias maus, tive dias de frustração total, tive noites húmidas e frias, geladas e desagradáveis, tive noites de não apanhar nada mas que só de estar lá já valeu a pena pelos cheiros, pelos sons e pela sensação que isto tudo junto provoca em mim, o escuro, o som do silêncio da noite, sair do saco cama às 3/4/5 h da madrugada com temperaturas negativas só porque estava na hora da maré e por vezes não apanhar nada, são tudo coisas que fazem parte e que me fazem sentir vivo, não me perguntem porquê porque eu nem sei responder…

Saúde e força aí pessoal.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Manhã Alegre

“Spinning”
Boas pessoal!
A minha época está a chegar ao fim e tenho de aproveitar ao máximo todas as oportunidades para queimar os últimos cartuchos, então programei fazer mais uma investida enquanto o homem não acaba com a Natureza, digo isto porque a cada ano que passa vejo que o excesso de turismo tem crescido monstruosamente e que de uma maneira ou outra é prejudicial para a Natureza e bom para encher os bolsos de alguns que exploram, escravizam e manipulam os pequenos, ao contrário do que muitos pensam o excesso de turismo só vem empobrecer e destruir as nossas paisagens, as nossas praias, os nossos cantinhos, a nossa Natureza.
É uma vergonha passarem-se licenças para se construir complexos turísticos nos ditos “Parques Naturais” e as pessoas da terra que sempre lá viveram não poderem construir uma capoeira ou um simples canil. Desculpem-me este desabafo mas se há coisas que me revoltam esta situação é uma delas…


Bom, mas vamos lá à jornada então. Com o mar a quebrar fiquei tentado em fazer mais uma investida ao spinning, se o mar estava de bom tamanho o mesmo não se podia dizer do vento que do quadrante norte dificultava bastante os lançamentos, com uma pequena investida durante a noite fui obrigado a render-me devido ao vento que não me deixava lançar bem as minhas amostras, como se já não bastasse a presença de limo em suspensão também era outra pedra no sapato, resolvi então dar descanso ao esqueleto e atacar no aceio da manhã quando o vento ia abrandar e assim foi.

Depois de meia garrafinha de vinho e um bom descanso levantei-me às 5h da manhã, lavei a cara para acordar e lá fui eu por ali a baixo, comecei a pescar ainda de noite mas foi já naquela transição da noite para o dia que cravei este lindo Robalo que me deu uma prazeria do caraças, pois no momento que ferrei o velhaco este começou a estrebuchar à tona de água como se tivesse sido ferrado com um passeante, o pesqueiro tinha bastante pedra e tive de estar bem atento durante a recuperação, no final tudo acabou bem para mim e com a ajuda de duas ondécas lá o encalhei nas pedras. 


Depois disto fiz mais uma meia dúzia de lançamentos mas sem sucesso, parei a pesca tirei uma foto com o peixe e guardei-o, voltei a fazer mais uns lançamentos com outra amostra e até alarguei a zona de ataque mas confirmava-se que este era filho único naquele spot…


Depois fez-se horas do pequeno-almoço, um café e umas torradas com mel vieram mesmo a calhar, um gajo tem de comer alguma coisa 😊


Paisagens como esta são para mim um elemento importante nas minhas idas à pesca…


Quase tão importante como estar junto ao mar…


Alguém tem de apanhar o lixo, já que as autarquias só se importam com o turismo e com aqueles que têm dinheiro para gastar, quem não tem dinheiro para gastar em estadias caras e restaurantes parece que não são bem-vindos por estas bandas…

Pessoal por hoje é tudo, aproveitem para fazer umas jornadas de pesca (conscientes) enquanto os gananciosos não acabam de vez com os Oceanos e Natureza à pala do excesso de modernização, do excesso de desenvolvimento e do excesso de turismo a que eles até lhes chamam de sustentável, hehehehe, esta última então até dá vontade de rir…
Saúde e força aí.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Capturas a Bom Ritmo

“Spinning”
Boas pessoal!
O tempo quente esteve presente nos últimos dias, dias esses que já convidaram a umas idas à praia e agora que os frios foram embora já começam a aparecer mais pescadores um pouco por todo lado, alguns pescadores que hibernaram na força do Inverno estão de volta e por vezes é complicado encontrar um sítio para pescar descansado, digo isso porque muitos desses pescadores não sabem comporta-se no terreno, ou não sabem ou não querem saber…


Esta tem sido uma Primavera produtiva para mim, pois nas últimas investidas que tenho feito aos Robalos tenho safado a pesca nem que seja apenas com um bonito peixe.
Então com o mar a dar uma quebra de um dia apenas resolvi atacar novamente, estavam reunidas as condições e a água revelava cores que indicavam uma boa pesca, se eles iam colaborar ou não, só mesmo experimentando para saber.
As escolhas que faço em busca dos melhores spots por vezes começam um ou dois dias antes da jornada, pois o spot que estava bom há 15 dias hoje pode já não estar ou vice-versa.


Nesta jornada a minha escolha foi para um spot (laredo) de entrilhados de pedra que garantem a segurança da vida marinha e presas de que o Robalo se alimenta, por essa razão este é um bom local para pescar nesta altura do ano, pois estas presas que o Robalo procura normalmente não saem muito para além da periferia destes esconderijos de rocha.

A água naquele local normalmente tem boa oxigenação, fiz um estudo muito apurado do pesqueiro durante o dia que se mostrou quente e ao final da tarde quando me equipei para atacar achei a temperatura tão acima do que estou habituado na pesca que desta vez até troquei o Wader pelo fato de neoprene. Um pormenor que não me agradou nada foi a existência de algas em suspensão, o que se veio a confirmar mais tarde com alguns lançamentos sem efeito devido às algas que se agarravam à linha.


“ Bom mas vamos lá embora que há muita pedra pa partir esta noite” pensei eu em voz alta no início da jornada. Comecei a pescar no aceio da tarde e rapidamente se fez noite, com o mapa do pesqueiro gravado na minha memória insisti nas zonas que mais me pareciam propícias a aparecer um peixe comprido. Já tinha à vontade 1h de pesca quando fui surpreendido por o tal ataque surpresa típico de um Robalo.
Com um bonito Robalo acima dos 2kg encalhado nas pedras tirei-lhe a amostra e guardei-o na saca junto ao ceirão, já estava satisfeito com aquela captura e mesmo que não apanhasse mais nada estava tranquilo.
Passado algum tempo tive um pequeno toque que pareceu-me típico de uma baila, talvez fosse não sei e alguns lançamentos depois sinto a amostra prender numa pedra, mas era daquelas pedras que se movem 😊 e começou aquela luta de que nós spinners tanto gostamos, cana bem dobrada e peixe a pedir linha, ainda lhe dei o beneficio da duvida e abri um pouco o drag, pois nunca se sabe qual o tamanho do bicho que está na ponta da linha e quando assim é mais vale jogar pelo seguro, depois de duas investidas por parte do peixe pensei que não fosse necessário ceder linha e comecei a recuperação daquele teimoso que insistia em nadar na lateral e isso a mim não me agradava nada porque tinha pedras molhadas e escorregadias para passar, lá consegui fazer com que o velhaco mudasse de rumo e viesse na minha direcção, aqui a contar parece rápido mas no momento cada segundo que passava parecia um minuto e cada minuto uma eternidade, no final tudo acabou bem para mim e este também encalhou nas pedras onde foi só meter-lhe o grip e puxá-lo para uma zona onde o mar não já lhe pegasse, dei por mim a rir quando acendi a luz para ver bem o peixe, se alguma vez eu estava à espera de apanhar um peixe destes (acima dos 4kg) nesta altura do ano… Ainda voltei à luta mas não apareceu mais nenhum e feliz da vida subi aquele laredo um pouco mais pesado mas sorridente 😊

Para acabar em beleza só faltava mesmo ter apanhado uma sereia loira de olhos azuis, mas assim sendo fica para a próxima  😉


Isto do spinning aqui no Sul um gajo não se pode habituar mal, pois o normal aqui é zero, um já é bom, dois é muito bom, três é excelente e quatro para cima se por acaso acontecer é a melhor pesca do ano ou da década…



Mas uma jornada de pesca para mim só acaba depois de forrar o estômago e nesta noite uma fatia de lasanha aquecida sabe sempre melhor do que fria, um gajo tem de comer alguma coisa 😋


Desta vez não foi preciso procurar muito para encontrar lixo, mesmo ali onde parei a carrinha fiz esta apanha, algumas garrafas de plástico estavam tão ressequidas e queimadas do sol que até de desfaziam, sabe-se lá ao tempo que estavam ali. Nos últimos anos tenho feito umas apanhas de lixo já bastante deteriorado do sol no cimo das falésias por onde passo ou onde paro a carrinha e tenho notado que até se vão mantendo mais ou menos limpas, fico feliz por isso, afinal de contas o trabalho não é em vão, das duas uma, ou as mentalidades estão mudando aos poucos ou quem fazia este tipo de lixo já não vai ao mar por várias razões, uns porque já estão velhos e outros porque já foram desta para melhor e como eu costumo dizer gente dessa faz por cá tanta falta como a fome…

Por hoje é tudo pessoal, curtam o mar e façam uma pesca consciente em todos os aspectos.
Saúde e força aí.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Spinningboard

“Spinning”
Boas pessoal!
Já havia bastante tempo que tinha vontade de fazer uma investida de spinning em modo (spinningboard) mas as condições para este tipo de pesca têm de ser muito próprias, gosto das águas baças e o mar quase de rojo para garantir o máximo de estabilidade em cima da prancha…
Escolhida a zona de ataque e já no terreno fiz um estudo muito apurado do pesqueiro a partir do cimo da falésia, pensei em atacar ao redor de umas pedras que tinha marcado lá de cima pois aquilo pareceu-me ter bom aspecto e podia ser que esfolasse por ali algum robalote, se por acaso não sentisse nada nesse local podia ainda alargar a zona de ataque para os lados.


Assim que cheguei lá a baixo meti-me na água e fui direito à zona que me pareceu ser boa em redor de umas pedras, alguns lançamentos e amostra presa, (já o burro nãã vai direito) pensei eu em voz alta, uma coisa boa de pescar assim é que raramente perco amostras, pois se ficarem presas vou lá busca-las. Recuperei a amostra mas o terminal ficou roído e nadei até à pedra mais próxima onde em cima desta rapidamente fiz um novo terminal e voltei para a água, uns metros mais à frente havia uma zona que fazia um bonito rebojo e logo meti lá a mesma amostra que me parecia ideal para aquelas condições, acho que ainda não tinha esticado bem a linha e já tinha um robalote kileiro lá cravado 😤 que cena fixe apanhar peixe assim sentado em cima de uma prancha de bodyboard, desloquei-me para trás da pedra para desferrar o robalote e prendê-lo no enfião sem fazer muito alarido não fosse assustar algum outro que andasse por lá. 

Voltei ao mesmo sítio e faço tudo igual, com cerca de uns dez lançamentos talvez e a pensar já em mudar para outro local porque aquele peixe seria filho único levo uma bela mocada e até me desequilibrei no momento de fazer a ferragem 😊 por pouco não caí ao mar hahahhaha, este era maior e depois de o trazer até mim com calma desferrei-o e enfião com ele, bom a coisa até nem ia mal, pois em meia horita já tinha curtido ali dois peixinhos porreiros.

Agora sim com mais alguns lançamentos no mesmo sítio e sem sentir nada arranquei para outra zona onde também nada senti, depois andei por lá a explorar uns cantinhos que me pareciam propícios mas nada de actividade, entretanto já tinha passado algum tempo e decidi regressar, ao passar pela zona onde tinha apanhado os peixes resolvi parar e fazer mais meia dúzia de lançamentos, mas desta vez estava do lado oposto da zona quente e com um artificial passeante, joguei três vezes e toma, lá estava mais um a cabecear na ponta da linha, Robalo bonito e energético que me deu uma prazeria do caraças 😊

Peixe no enfião, faço mais alguns lançamentos e toma, peixe na ponta da linha novamente, este foi sol de pouca dura pois soltou-se a meio da recuperação, penso que fosse um kiliero e passado cerca de meia horinha dei por terminada esta jornada e fui para cima, o bichinho no estômago também já dizia que estava na hora.


Neste tipo de pesca reduzo ao máximo o material e levo para baixo apenas o essencial porque normalmente escondo o ceirão num buraco no meio das pedras e por vezes só volto passado umas horinhas, evitando por isso deixar coisas de valor no ceirão e assim posso vaguear mais à vontade, pois nunca sei se vou ficar ali pertinho ou se vou para longe, a vontade de explorar e avançar mais uns metros neste tipo de pesca para fazer dois ou três lançamentos é difícil de controlar 😊

Tem sido uma Primavera positiva para mim, tenho feito umas pescas engraçadas e desta vez até consegui contornar o tão afamado cardume de um e lá vieram três 😊
De salientar que esta foi uma jornada que quase não acontecia, pois andei reticente para abalar para a pesca, mas lá está, eles não vêm ter a casa, eu pelo menos eu em casa nunca apanhei nada, só bebedeiras assim sem querer 😂


Já lá em cima tive à conversa um bom bocado com um típico pescador/mariscador que passava na sua velhinha e fiel casal 5 e parou para meter conversa comigo, um homem da terra dono de um saber e de memórias que até me fez pensar que afinal de contas não percebo nada disto, era um sujeito bem-falante e porreiro, gosto de conversar com malta assim e chego á conclusão de que muitas histórias ficarão por contar e permanecem apenas guardadas na memória destes velhos pescadores que toda uma vida frequentaram estes pesqueiros de que eu tanto gosto, às vezes dou por mim a pensar como seria isto há uns 30/40 anos atrás, deviam aparecer por aqui uns Robalões do catano…



Depois daquele estrafego todo estava na hora de papar uma sopa à qual lhe juntei uma batata-doce e empurrei tudo com um copo de vinho, um gajo tem de comer alguma coisa 😋


No dia antes deste numa outra zona em que o mar ainda tinha um toque, tive a fazer uns lançamentos e cravei apenas esta baila que foi o meu jantar, a fomeca era tanta e já quase sem luz solar foi tudo feito muito à pressa que nem me lembrei de registar o momento 😐


A apanha do lixo já faz parte do ritual nestas minhas idas à pesca.


Joaninha


Buraco


Nesta altura do ano quando vou para estes lados e tenho oportunidade apanho sempre uns burriés para beber umas cervejinhas, um gajo tem de comer alguma coisa 😉

Pessoal por hoje é tudo, usem o mar mas não abusem dele.
Saúde e força aí…

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Debaixo de uma pedra sai um Lagarto

“Spinning”
Boas pessoal!
Um dia destes tive que tratar de umas coisas minhas e como ia fazer uns bons kms pensei: “epá já que vou para aqueles lados vou levar o material de spinning e aproveito fico por lá uma noite tranquila e ainda faço uns lançamentos para apaziguar um pouco este vício que é a pesca com artificiais ” e assim foi…


Depois de resolver tudo rumei à única zona onde seria possível fazer uns lançamentos, o mar estava esticado e o vento era nulo, aos poucos o dia deu lugar à magia da noite e era hora de apalpar o terreno, se querem que vos diga a minha única esperança nesta jornada era apanhar algum peixe kileiro ou algum sem medida para devolver, já que o objectivo desta jornada era mesmo para relaxar e matar o vício. 


Apesar de durante o dia ter estado calor, à medida que o sol baixava a temperatura baixava com ele e à sombra até estava fresco. Montei a cana, equipei-me e comecei a pescar ao final do dia, sempre relaxado e com o único objectivo de curtir uma jornada de spinning. Ainda no luz fusco ferrei um robalete que não sei se tinha medida se não mas libertei-o de imediato, libertar um peixe pequeno “robalo” dá-me bastante prazer e é quase tão gratificante como pescar um peixe grande, eu sei que para muitos não é fácil tomar a decisão de libertar um robalote de 500/700g, mas experimentem pelo menos uma vez e vão ver que é uma boa sensação, um bom pescador não é aquele que leva uma grande quantidade de peixe sem qualidade para casa e é com estes pequenos gestos que muitos pescadores acabam por trocar o típico baldinho de guardar o peixe por uma saca ou ceirão.


Continuei a minha pesca a lançar aqui e ali, volta e meia trocava de amostra, é fácil trocar de amostras, difícil é adivinhar qual é que eles querem nesse dia, cheguei a uma zona de pedras e tive de ser mais cauteloso para evitar perder material, havia uma pedra de tamanho considerável e resolvi fazer um lançamento de cada lado da mesma, quando passei a pedra e já do lado de lá fiz um lançamento assim meio zarolho e quase acertava no raio da pedra, a certa altura enquanto recuperava muito tranquilamente… tum tum tum e quando dei por mim já estava a cana dobrada, levei alguns segundos para perceber o que se estava a passar, pois nunca pensei de já nesta altura do ano cravar um peixe poderoso e energético como este por estas bandas, até parecia que estava escondido debaixo da pedra.

Durante a luta e recuperação ganhei confiança porque felizmente o velhaco afastou-se da pedra que era o meu maior receio, entre investidas e cabeçadas acabou por dar em seco e acreditem que foi um prazer do caraças apanhar este Robalo, pois não estava mesmo nada à espera, é caso para dizer que por vezes: (Debaixo de uma pedra sai um lagarto) 😅


Quando olho para o presente, passado e futuro chego à conclusão de que não há dois dias de pesca iguais, por vezes até alguns dos pesqueiros mudam e passam-se anos e anos até voltarem a ficar parecidos ao que já foram um dia.
Mas pior que isso é mesmo a transformação que tenho assistido na última década em algumas zonas que me são queridas. Vivemos dias de evolução e modernização, duas realidades que caminham de mãos dadas a alta velocidade, na minha opinião conservadora são duas realidades excessivas que roubam o lado bom de uma vida simples que se transformou num circo que vive de aparências, enfim, como se costuma dizer; cá estarei para ver como tudo isto vai acabar, ou não…


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Gosto de levar sempre uma garrafinha de vinho, uma vez contaram-me uma história de um gajo que morreu embaçado com uma côdea de pão e não quero que me aconteça o mesmo, ainda por mais um gajo tem de comer alguma coisa 😉

Pessoal por hoje é tudo, portem-se bem, não deixem lixo nos pesqueiros, libertem os pequenotes e não se esqueçam que debaixo de uma pedra pode sempre sair um lagarto 😉
Saúde e força aí…