sexta-feira, 16 de novembro de 2018

No Sítio certo à Hora certa

“Spinning”
Boas amigos leitores e seguidores…
Este não tem sido o início de temporada pelo qual eu ansiava, para além das condições de mar não terem coincidido em vários aspectos que me fossem favoráveis nos últimos tempos, o peixe também não tem colaborado (nos “meus” pesqueiros) nas poucas investidas que tenho feito, muito peixe miúdo e os que se aproveitam para trazer para casa resumem-se a um/dois/três pexecos, também por isso não tenho relatado qualquer jornada de pesca…


Então um dia destes e depois de andar constantemente a controlar as previsões e ver que vinha aí um Marsão daqueles à "Homem" para rebentar com tudo decidi apostar mesmo com o mar a puxar para o forte (no limite) corri o risco de não conseguir pescar e fiz por aí mais duas investidas em dois locais distintos na mesma noite e foi no aceio da manhã num laredo de difícil acesso que a sorte e insistência me brindaram com este peixe, como o mar tinha um toque ainda bom apostei em material mais pesado e robusto…

As temperaturas obedecem ao calendário e tanto as noites como as alvoradas já pedem um bom agasalho. O nascer de um novo dia traz com ele uma explosão de cheiros vindos da serra que me provocam uma energia brutal, os pássaros ainda escondidos nas saliências das falésias e nos arbustos trocam cantos melódicos entre si numa linguagem privada que me é impenetrável, são estas coisas que me atraem para estes spots longe de tudo o que seja modernices e excesso de materialismo…

Depois de muitos meses sem sentir um peixe decente a fome de pescar era mais que muita, o corpo e a mente estavam ambos a ressacar de pesca, pelas minhas contas foram oito meses sem apanhar um Robalo na vertente de spinning, não que tivesse feito muitas investidas durante esse espaço de tempo, talvez uma meia dúzia que renderam o tal famoso peixe com cornos que ninguém gosta (chibo)…


Mas eu sabia que o grande dia tinha de chegar e passados oito meses quando dei por mim lá estava eu de novo “No Sítio certo à Hora certa” a respirar vida e a fazer o que mais gosto, com a cana vergada e um velhaco teimoso a cabecear com força, de punho firme mantive a cana ao alto e o carreto ainda cedeu um pouco de linha, normalmente gosto de ter o drag regulado para a bitola dos 4kg e apenas se ver o caso mal parado é que então o abro mais um pouco, naquele momento era só eu e o velhaco que estávamos ali, ele queria ir numa direcção mas eu conduzia-o para outra e foi a cerca de cinco metros que eu meti os olhos no bicho “aguenta coração que já tá quase” o vício do spinning ressuscitava de novo e o batimento cardíaco acelerava tipo velocidade ferrari, as emoções que este tipo de pesca transmite são um desafio que nos faz querer sempre mais.

Apesar de ser um Robalo teimoso aos poucos e com a ajuda da ondulação sucumbiu aos meus pés, foi o primeiro peixe digno apanhado esta temporada…
Depois de algumas jornadas de pesca magras e chibateiras, finalmente o mar bafejou-me com este Robalo de bom porte, ali estava ele em carne e osso, ou melhor, em escama e espinha 😉


Entre uma pesca e outra a meio da noite lá tive de papar uma sopa de feijão com repolho e um copo de vinho, tenho que guardar reservas para aguentar o rigor das noites frias de inverno 😊
Um pormenor que adoro nesta altura do ano quando pesco à noite e que passa despercebido a muita gente, é o piar dos tordos que estão a chegar e entram pelo sul do país para virem passar o inverno em Portugal, é a Natureza de mãos dadas com a pesca…


Comecei tarde mas ao menos comecei bem, vou tentar fazer umas investidas porque os Robalos já devem ter saudades minhas 😊 mas isto quando o mar deixar claro, porque a última palavra cabe sempre ao grandioso, foi apenas um mas fiquei bastante satisfeito e já serviu bem para apaziguar a “fome” de pescar e apanhar peixe…

Aproveitem este fim-de semana que o tempo não está propicio à pesca e levem a “Maria” a passear para ganharem uns créditos 😉 até a podem convidar para jantar fora e à ultima da hora esquecem-se da carteira e acaba por ser a “Maria” que paga a conta e vocês poupam uns trocos para comprar o isco da próxima pesca 😃 

E não se esqueçam, libertem os mais pequenos, pois só assim seremos recompensados no futuro com exemplares de bom tamanho.
Saúde e força aí pessoal.

domingo, 11 de novembro de 2018

Bricolage

Boas pessoal!
Hoje vou partilhar com vocês uma ideia que já tinha na minha cabeça há uns aninhos…
Existem dezenas de geleiras no mercado para todos os gostos e que podemos usar nas nossas jornadas de pesca para guardar o peixe que capturamos, há quem use uma pequena, há quem use uma grande, há quem leve duas, etc…


Quase todas elas são boas para arrumar os nossos peixes, mas volta e meia quando a pesca corre melhor do que estamos à espera e apanhamos um Robalinho na casa dos 4 kilinhos para cima surge o tal problema, (E agora onde é que eu guardo o peixe!!? O velhaco não me cabe na geleira!!)

Aqueles que pescam perto de casa, não precisam de se preocupar com essas coisas e muito menos se for inverno que o tempo está frio, guardam o peixe dentro da saca ou num saco e caso arrumado… Mas no meu caso não é bem assim, infelizmente vivo longe dos meus pesqueiros favoritos e como muitos de vocês sabem faço verdadeiras maratonas de pesca de vários dias. Se pescar um peixe desses no último dia de pesca não há problema, normalmente só pesco no inverno que por norma o tempo está fresco e o peixe não perde qualidade, o problema é quando vou preparado com aquela logística toda para fazer dois dias de pesca e apanho um peixe desses no primeiro dia e depois não tenho lugar para o guardar e conservar nas devidas condições…


Já me aconteceu estar cansado da pesca e ter de cortar um Robalo de 5 kg ao meio às 4h da manhã para o guardar na geleira, outras vezes aconteceram de guardar peixes de 4 kg todos enrolados e quando os tiro da geleira parecem autênticas bananas. Acho que não são condições nem a maneira mais adequada de guardar aquele troféu ou exemplar que tanto procuramos e que tanto prazer nos deu capturar, como qualquer adversário devemos tratá-lo com respeito, excepto quando eles desferram e vão embora, aí nesse caso chamo-lhe todos os nomes e mais alguns 😂


Existem algumas geleiras no mercado de tamanho XXL, boas para guardar esses peixes, no entanto são grandes de mais e ocupam demasiado espaço, eu não preciso de uma geleira tão grande nem com capacidade de muitos litros, o que eu preciso mesmo é de uma geleira comprida para guardar e acondicionar em perfeitas condições os peixes compridos (Robalos) que não cabem numa geleira normal…
Então decidi meter mãos à obra e construir eu próprio uma geleira à minha medida, pensei nas medidas e fiz um esboço, a lista do material que ia precisar e siga. Enquanto o projecto avançava surgiam pequenos problemas e dúvidas, a missão foi demorada porque tinha que dar tempo de secagem à cola e ao silicone.


Os materiais aplicados foram: contraplacado marítimo, ripas de pinho, cola de madeira, cola de contacto, silicone marítimo, tinta para madeira, pregos, parafusos, anilhas, isolante térmico, cantoneiras de PVC, outros acessórios…


Esta travessa de reforço é amovível para poder meter e tirar o peixe sem grandes “acrobacias”


Tentei reforçar a estrutura ao máximo para a tornar mais forte e compacta, levou isolamento térmico por dentro e por fora.


Alguns de vocês devem estar a pensar que aquele maluco fez uma geleira em madeira e que aquilo com o tempo vai apodrecer tudo e não sei o quê 😊  Nada disso, para além de ter sido isolada ao máximo com colas, tinta e silicone marítimo nas juntas e ranhuras, ainda vai levar uma forra de plástico forte na altura em que for usada, tal como o peixe que será embalado num saco de plástico assim como o gelo…


Para fechar e ao mesmo tempo vedar em todo à volta adaptei um esticador que fará com que a tampa fique a fazer pressão em cima de um vedante (daqueles que se usam nas portas e janelas)
Não é a maneira mais simples e bonita mas é bastante eficaz e uma vez que isto será para usar só de vez em quando é o suficiente. 


Nas laterais adaptei um tipo de uma pega para facilitar o transporte quando for necessário.


Isto não é coisa que se use muitas vezes, mas no dia que fizer falta já tenho um sítio onde guardar e conservar um ou mais peixes de qualidade em condições, sem ficar todo torcido ou até mesmo ter de o cortar ao meio, exemplares de bom calibre cada vez são menos infelizmente e acho que o respeito por uma boa captura deve estar sempre presente.


Depois de muito trabalho e paciência lá terminei este projecto com as medidas que eu queria, para além de geleira vai ter outra função, serve de baú para guardar e arrumar coisas que eu pouco ou nada uso e andavam sempre espalhadas dentro da carrinha tal como uma muda de roupa suplente, um blusão velho e umas botas velhas para alguma eventualidade assim como outras pequenas tralhas que nunca fazem falta mas que um dia poderão ser necessárias. Uma vez que ia ser feita por mim escolhi as medidas para que no final encaixasse na perfeição no fundo da carrinha e que assim lá fique acomodada.

Comprimento: 1m
Altura: 30 cm
Largura: 30 cm

Saúde e força aí pessoal…

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Petiscos de Verão

Olá a todos os que seguem o blogue “Lobo do Mar”
Como vem sendo hábito todos os anos nesta altura e depois de uma grande ausência faço um pequeno apanhado de alguns momentos ligados à pesca dos últimos meses, como de pesca pouco ou nada há para contar, decidi reunir algumas fotos de momentos passados entre amigos da pesca, alguns deles são conhecidos de muitos de vós, de salientar que estes são registos fotográficos gravados entre o meu último post e o final de Agosto…


Noites alegres manhãs tristes!!? Nem sempre, quatro pescadores no festival “Musicas do Mundo” em Sines. Da esquerda para a direita o Marafado Paulo Jorge (PJ), Eu, João Santana (Mister Sargo) e o Mário. Uma noite bem bebida com muita música, boa companhia e claro; conversas sobre pesca…


Sines… Simpatizo bastante com esta terra, acho que vivia bem aqui…


Outra madrugada de festival com o João em que acabámos de manhã a beber uma cerveja na tasca à porta da casa dele depois de uns ovos mexidos hahahaha… Este amigo está sempre pronto para me receber à grande e é incansável na cozinha a preparar comida e mais comida para que não falte nada.
No dia que cheguei a casa dele prendou-me com um pequeno-almoço de percebes acabados de apanhar e uma cerveja gelada 😊


Na casa do João é assim, um só pa cerveja


Que bem que me sabe beber uma cervejinha no verão quando chego da maré.


Uns dias antes de ir para Sines andei a fazer umas marés na Ria, poucas foram as fotos que tirei, mas ainda fiz umas boas apanhas…


No início do verão quando este ainda estava tímido fiz um petisco aqui em casa e para além do João convidei o Cristóvão, autor do blogue http://matachibos.blogspot.com/ e que é uma boa companhia para estas coisas, já tinha saudades deste moço…


Foi um belo petisco sem dúvida, ficou prometido repetirmos mas não foi possível reunir a equipa de novo, certamente haverá outras oportunidades.


Abre lá esses olhinhos óh Mata Chibos, até te entortas pó lado hahahaha


Mais uma bela teca de percebes apanhados pelo amigo João para mais um petisco.


Bom material


E como o bom material tem de ser bem regado, vá roupa.


Saudades destas tardes...


Desta vez a equipa foi outra, mudámos o apanha garrafas hehehhe o Capitão (Rei do charroco) até chora por estas coisas…


Neste dia levantei-me cedo e fui à maré desenrascar qualquer coisa para juntar aos percebes do João, ainda apanhei uns lingueirões, berbigões e amêijoas e fiz uma bela mariscada de cebolada à Lobo, um gajo tem de comer alguma coisa 😊


E claro para acompanhar, o tal néctar precioso e sempre bem gelado.


Nos últimos meses tentei sobreviver à pasmaceira de mais um verão e pelos vistos não está com vontade de abrandar, com temperaturas de quase 30º em pleno Outono/Outubro, já não bastava o Inverno ser curto aqui no Sul que o verão agora nos últimos anos prolonga-se até mais tarde, há que ter paciência e saber esperar, enquanto uns anseiam pelo verão eu anseio pelo inverno, finalmente está no fim a época dos bronzeados vaidosos que massacram a pele a qualquer custo para ficarem mais escuros do que o vizinho, enfim…

Se por um lado no Inverno o mar forte dita um defeso natural, este verão que passou também houve outro tipo de defeso natural, eu pelo menos vejo-o como tal, foram as algas ou limo que derrotaram centenas se não milhares de jornadas de pesca de muitos pescadores durante os últimos meses, tanto na Costa sul como na Costa norte, certamente milhares de peixes sem medida e outros que normalmente são capturados por pescadores de verão e não só, tiveram este ano uma 2ª oportunidade de crescer mais um pouco e eu fico bastante feliz por isso.

Outro aspecto triste é ver o Algarve a cada ano que passa mais sufocado e rendido ao turismo, diminuindo assim a qualidade de vida dos que cá vivem e amam a Natureza e o sossego tal como eu…

Sinceramente já tinha saudades de escrever aqui no blogue, com ou sem peixe certamente haverá qualquer coisa para escrever nos próximos tempos…
Saúde e força aí pessoal.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Missão Cumprida

“Surfcasting”
Boas pessoal!
O mar fez uns dias de feição e aproveitei para programar mais uma jornada de surfcasting.
Depois de observar bem o spot durante algum tempo e ter verificado que seria uma boa aposta, pensei que o melhor era apressar-me não fosse aparecer por ali algum gajo vindo de para-quedas com o ceirão às costas e as canas na mão e ainda me roubava o pesqueiro, não era a primeira vez que isso me acontecia... 


Muitos dos pescadores que “hibernaram” no rigor do Inverno começam agora a sair da toca para ir às Douradas e a quantidade de canas aumenta consideravelmente em algumas zonas onde se possa capturar este esparídeo.
Como eu gosto pouco ou nada de confusões evito certos pesqueiros ou praias nesta altura do ano, mesmo que para isso tenha de correr o risco de levar um chibinho para casa.

A noite estava porreira mas a actividade mostrou-se inexistente desde o início, as iscas iam e vinham intactas, as horas passavam e comecei a prever o desfecho do filme, cheguei a pensar que até nem tinha sido uma boa aposta ficar ali, mas vai-se lá saber, quando eles não querem não querem e quando não há peixe então é que não há mesmo nada a fazer…

Nisto quando me virei, uma das canas bandeava ligeiramente, não sei se levou uma mocada ou não mas quando lhe peguei senti a linha frouxa e assim que a estiquei deu logo para ver que tinha lá um bom peixe…
Peixe cá fora rapidamente e guardado dentro da saca, pensei cá para mim (Olha para quem já ouvia o chibinho a berrar ao longe até não está nada mal). Ainda pensei que atrás daquele pudesse vir outro, mas não; era um solitário e 1h depois resolvi arrumar a trouxa ou ainda me fazia velho ali, a missão estava cumprida

Ainda por cima o bichinho já roía no estômago e não me saía do pensamento a bucha que tinha na carrinha para dar ao dente naquela noite que até estava bastante agradável, ou não fosse essa a razão de muita malta só a partir de agora começar a temporada de pesca…


Ao final da tarde estava assim.
Neste dia, duas camones (Holandesas) montaram uma tenda e passaram a noite ali pertinho de onde eu estava a pescar, miúdas bonitas porreiras e simpáticas até me foram oferecer um copo de vinho e aproveitaram para fazer algumas perguntas.
No dia seguinte quando elas foram embora fui espreitar o sítio onde tinham montado a pequena tenda, deixaram-no como se ninguém estivesse passado ali a noite. Se fossem portugueses não sei se o spot teria ficado assim…


Nesta noite só pensava na bucha que estava à minha espera 😋 um belo naco de presunto caseiro alentejano que o amigo Zé Dias me ofereceu e uma garrafa de vinho também ela oferecida mas pelo amigo João Santana, só tive de comprar o pão, mas um dia destes ainda arranjo aí um amigo padeiro 😉 


Já vi ninhos em muitos sítios, agora assim como este nunca tinha visto. Estava abandonado e não cheguei a saber de que pássaro era, talvez de Rabo-ruivo ou Cartaxo… 


Primavera_01
O mato por estas bandas contínua bonito com as flores de esteva a realçar à luz do sol.


Primavera_02
Acho que pela primeira vez nos últimos anos estamos a ter Primavera, digo isto porque nos anos anteriores nesta altura já faziam temperaturas de 30º e já estava tudo seco (pelo menos aqui no Algarve). Felizmente para mim que detesto o calor este ano está a ser diferente, eu sei que a maior parte das pessoas querem é calor, mas como dizia o meu Avô (com o mal dos outros posso eu bem) e sendo esse o mal então melhor ainda, pois qualquer pessoa com dois palmos de testa sabe que verões muito quentes como os dois últimos não são bons para nada a não ser para acontecerem desgraças…


Hoje em dia parece que fica bem dizer que se é apaixonado pela Costa Vicentina ou que a amam. Será que são mesmo apaixonados por esta Costa ou apenas gostam de passar lá uns bons momentos, fazer umas pescas, apanhar umas ondas ou até mesmo fazer uns dias de praia diferentes…

Isso não é paixão nem amor mas sim interesse, a paixão e o amor são dois sentimentos que tentamos retribuir de alguma forma. E por aqui a única forma de retribuir o que a mãe Natureza nos oferece, é respeita-la e apanhar algum lixo marinho que se encontra às toneladas espalhado pelas praias, falésias e laredos a deteriorar-se ao sol durante anos.

Esta foi mais uma missão cumprida e senti-me feliz porque deixei um local de que eu gosto muito, completamente limpo como se nunca lá estivesse estado ninguém, não será por muito tempo eu sei, mas naquele momento fiquei de consciência tranquila porque fiz algo para ajudar uma Costa que me tem dado muitas alegrias e razões de viver desde a primeira vez que lá estive, acreditem que foi amor à primeira vista…

Agora há por aí uma moda a circular nas redes sociais do (apanha três objectos de plástico cada vez que fores à praia) a ideia até é boa, mas como isto não é uma moda para o estilo nem para o cenário o mais certo é não pegar como acontece com outras modas…


Parece que não descansam enquanto não acabarem de vez com esta Costa.
Nos últimos anos inventaram e abriram negócios da china ligados ao turismo que esteja relacionado com o (mar, sol, praia, etc) e parece que não descansam enquanto não avançarem de vez com as plataformas de prospecção de petróleo no Algarve, os Bois já marraram com esta merda e só descansam quando a Costa estiver morta e pintada de preto.

É o Parque Natural, só alguns é que não podem apanhar sargos para proteger a espécie, fazem um defeso do percebe para todos e muito bem para proteger a espécie, não se pode circular com viaturas nas falésias para proteger as plantas e o ambiente, não se pode meter uma roda da viatura na areia da praia porque não se pode, não se pode e pronto, não se pode fazer uma fogueira na praia no inverno simplesmente porque não se pode, não se pode montar uma tenda simplesmente porque não se pode… E agora querem fazer furos no mar a meia dúzia de kms desta Costa para exploração de petróleo!!!??
Das duas uma, ou andam a gozar com o Povo ou andam a fumar daquilo com pouco tabaco…

Já não bastava o sufocante turismo que cresce de ano para ano a um ritmo assustador que agora ainda lhe querem juntar as plataformas de petróleo, todos nós sabemos os perigos que daí advêm e a destruição que essas plataformas podem causar…
Se para fazerem uma simples apanha de lixo marinho (lixo limpo) poucos são queles que dobram as costas e metem mãos à obra, nem quero imaginar se um dia tiverem de sujar as mãos com o crude…

O turismo, os interesses e a ganancia no final deixarão uma factura bastante cara a pagar e nesse momento quem lucrou com esses negócios estará bem longe a usufruir de boas vidas, enquanto os Algarvios esses perderam a sua qualidade de vida à pala dos políticos corruptos, mentirosos e de outros gananciosos.


POPNSACV (Plano de Ordenamento do Parque Nacional do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina)
Algumas autarquias só no verão se lembram daquelas praias que são mais frequentadas e limpam-nas para ficarem de cara lavada para receber os turistas e veraneantes, nesta altura já o mar começou a repor areias novas em cima do lixo que o mar trouxe e em poucos dias ficará coberto de areia e vai-se deteriorando no meio ambiente, será que as autarquias não têm ninguém lá sentado num gabinete que se lembre disso!!! Parece que não…

A época balnear este ano arrancou mais cedo em algumas zonas (praias) e as que faltam arrancam agora em Junho com as típicas concessões privadas cheias de sombreiros, toldos ou palhotas e espreguiçadeiras por todo lado, o que na minha mentalidade conservadora e amiga do ambiente é visto como poluição visual, principalmente nas praias abrangidas pelo PNSACV o parque das leis e regras, mas só para alguns…


Mais uma época de pesca que para mim chegou ao fim com um sabor a missão cumprida, fica sempre muita coisa por fazer, muitas ideias para pôr em prática, alguns spots por testar, mas não se pode estar em todo lado e nem se pode ir a todas, para além disso o mar e este ano andou bem teimoso não permitindo pescar na rebentação durante semanas a fio…
Por várias razões vou fazer uma pausa e hibernar durante uns tempos, também tenho direito a férias e descanso, não pode ser só pesca!!!  😊
Se podia pescar em outros spots tais como molhes ou pontões, sim podia mas não gosto de feiras, as únicas feiras de que eu gosto são aquelas onde há farturas e pães com chouriço.

Por isso pessoal, quem escolhe esta altura do ano para fazer umas pescas ou qualquer outra actividade ao ar livre, peço que sejam conscientes, que respeitem as medidas mínimas, não deixem lixo na Natureza e se possível apanhem aquela garrafa de plástico ou qualquer outro objecto que o mar tenha trazido, normalmente é lixo que está limpo e não custa nada…
Saúde da boa e força aí pessoal.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Trovoadas de Maio

“Surfcasting”
Boas pessoal!
Esta jornada foi programada no sentido de gastar algum isco que seria para deitar fora se não o gastasse até ao final da temporada que se aproxima.
Cheguei ainda cedo ao spot numa tarde algo solarenga mas pouco depois e felizmente o sol rapidamente deu lugar às típicas nuvens de trovoada, condições que costumam ser normais no mês de Maio, muitas das vezes são as chamadas trovoadas secas. Têm esse nome porque normalmente não são acompanhadas de precipitação, mas podem trazer com elas alguma instabilidade ou tempo quente e abafado, por vezes são perigosas porque conseguem gerar incêndios…


Já começa a haver mais gente nas praias aqui no Algarve e isso é um perigo, vêm meter conversa com um gajo e depois no final dizem a famosa frase proibida (boa sorte ou boa pesca) o melhor é fazer-me passar por surdo para evitar diálogos que levam a tal insulto, ou então o próximo que me desejar boa sorte ou boa pesca vou acusa-lo de bruxedo…


Montei as canas nas calmas, detesto montar o material à pressa e já em cima da hora de pescar.
Foi uma jornada que pouco tem para contar e que terminou cerca das 24h com uma pesca magra (pouco peixe) onde no início saíram dois robaletes de escola primária que foram prontamente devolvidos ao seu recreio, daí em diante o peixe que saiu é o que está à vista. A jornada correu de uma forma normal, apesar de ter estado uma noite fresca mas já não são aquelas friezas do rigor do inverno, não houve vizinhos a chatearem com aquelas luzes tipo holofote, não houve perdas de exemplares consideráveis o que para mim é o mais importante para que uma jornada corra bem…


Como não tive tempo para almoçar em casa, levei umas favas à Lobo (favas com chouriço preto, batatas e um ovo escalfado) para o lanche, um gajo tem de comer alguma coisa 😋


 No dia seguinte fiz logo dois sargos para o almoço, um gajo tem de comer alguma coisa 😋


Ao final do dia encontrei um ninho de andorinha-do-mar com três crias.


Tão vulneráveis.

Pessoal queria deixar aqui um aparte para aqueles que comentam os meus relatos no facebook, se alguma vez eu não responder não é por mal, é porque ficou esquecido no meio de outros, como partilho em três ou quatro grupos por vezes perco o fio à meada 😊
Uma maneira de evitar esses esquecimentos é comentarem aqui no blogue, embora no facebook seja mais simples, façam como quiserem ou preferirem 😉
Saúde e força aí pessoal.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Debaixo de Olho

“Surfcasting”
Boas pessoal!
O Inverno infelizmente está no fim, a época das tempestades acabou e a Costa Sul voltou a ser o que sempre foi (uma piscina).
Esta foi mais uma jornada de surfcasting feita debaixo de olho, digo isto porque o mar ia descer de uma forma quase vertical a meio da noite e iria subir no dia seguinte novamente, este ano tem sido quase sempre assim e algumas jornadas têm sido feitas nos pequenos intervalos que o mar faz, então tinha ali umas horas para poder pescar e a jornada passou-se entre a 1h e até o raiar do dia.


A pesca nesta Costa é algo que me define e que me faz sentir vivo, arriscaria mesmo a dizer que é viciante…

Cheguei ao final da tarde para aproveitar a claridade e assim poder ler o mar e tentar marcar o melhor sítio para meter as canas a pescar na hora em que o mar o ia permitir, detectei várias correntes laterais naquela praia e não gostei porque pareceram-me demasiado fortes, mas o facto de ainda ser cedo naquele momento confortou-me um pouco, a carência de areia também se fazia notar em alguns pontos, mas este era um aspecto facilmente contornável porque não coincidia com as zonas que eu tinha debaixo de olho e que me agradaram à vista. Com as coordenadas gravadas no meu GPS cerebral podia agora conduzir até um local tranquilo e descansar ao som do silêncio da noite até à hora da festa.
Como não havia por ali pescadores a olhar ao spot e tinha havido uma grande mudança nos fundos não tinha necessidade de ir guardar o pesqueiro durante horas como já aconteceu em jornadas anteriores e depois tinha um plano B debaixo de olho para no caso de alguém se antecipar a mim.


À hora prometida fiz-me ao pesqueiro pela calada da noite sem fazer grande alarido e pouco tempo depois lá estava eu com as canas montadas e preparadas para atacar, na primeira meia hora o mar ainda tinha alguma força mas com o passar dos minutos pareceu-me que acalmou um pouco e lá começaram a sair uns pexecos, não houve exemplares de tamanho considerável e em lugar destes havia muita miudeza, o que não costuma ser comum em dias com estas condições, tive de me adaptar e selecionar ao máximo as capturas que ia fazendo. Foram libertados cerca de 6/8 peixes que não tinham o tamanho mínimo desejado e com alguma dificuldade lá consegui reunir alguns para trazer e dividi-los entre uma assada e uma fritada cá em casa.

Pela manhã, com a pesca feita e tudo arrumado aproveitei para dormir umas horitas no mato sem barulho, acho que é uma das coisas que mais gosto nestas idas à pesca é dormir no meio da Natureza onde os únicos sons que ouço são os dos pássaros e dos ramos das árvores a rosarem uns nos outros.
Da parte da tarde fui espreitar uns spots que ficavam ali perto e já de noite antes de voltar para casa lá tive de fazer uma última visita ao faval que eu tinha debaixo de olho, já estava nos restos e as favas já eram poucas e como não sou garganeiro apanhei apenas algumas para acompanhar com uma fritada 😉 um gajo tem de comer alguma coisa 😉

Ao longo do ano a espécie alvo vai mudando como se da fruta da época se tratasse e como tal está na altura de se apanharem umas Douradas, no entanto elas têm permanecido perto da Costa nos últimos meses e saíram algumas durante o Inverno, como eu não gosto de pescar no verão devido ao calor e à confusão para mim até é bom que as Douradas andem por cá o ano todo e assim sempre vão compondo as pescas quando os Robalos ou os Sargos faltam à chamada…


Estava eu a recuperar uma das canas e a sentir que trazia lá um peixinho, quando de um momento para o outro o peixinho parece que se transformou em peixão e deu uma arrancada que quase me saltou a cana das mãos, foi uma cena que durou cerca de dois segundos e parou de repente, por instantes fiquei assim tipo estátua a tentar perceber o que tinha acontecido e voltei a recuperar lentamente, qual foi o meu espanto quando a pesca chegou aos meus pés e deparei-me com isto (olha já não basta serem poucos e pequenos que este ainda por cima só vem metade)  😊
Certamente foi uma tintureira ou algo parecido, é normal predadores deste tipo aparecerem em certas praias nesta altura do ano.


Não é necessário guardar peixe demasiado pequeno com a velha desculpa do (dá para fritar) como podem ver os sargos de dose também fazem uma boa fritada, estes acompanharam as favas hoje ao almoço 😉


E as favas acompanharam os Sargos 😉


Tive inquilinos na varanda por uns dias, apanhei duas crias de Melro no jardim e dei-lhes guarita temporária para as proteger dos gatos. A protecção que lhes dei correu melhor do que pensei no início, os progenitores deram com os eles num instante e foram incansáveis num vai vem constante durante dias a fio para trazerem alimento aos seus filhotes.
Neste caso o pai com alguma coisa no bico.


Aqui a mãe com um petisco para os filhotes.


O pai com mais uma lagarta.


Com licença estou com pressa, os meus putos estão com fome.


E no final tudo acabou bem, uma semana mais tarde quando me certifiquei de que as crias já tinham asa suficiente para evitarem os gatos soltei-os e foram à vida deles…
Saúde e força aí pessoal.