“Chumbadinha”
Boas
pessoal!
Desta vez
decidi fazer um relato um pouco diferente mas com a mesma essência, a diferença
está na apresentação do peixe que fotografei apenas quando estava a prepara-lo
para o almoço no melhor restaurante do mundo.
Há uns dias
atrás cansado e farto da vida na cidade resolvi ir passar dois dias a uma zona
de que eu gosto muito, fui com o pensamento em apanhar algum peixe e papá-lo lá
como fazia antigamente, são estes dias de isolamento que eu gosto de passar e
viver ao ritmo da Natureza e com o telemóvel sempre desligado.
Tudo começou
já o sol tinha despertado, o mar estava de mau humor neste dia para pescar
junto a ele e decidi fazer uma pesca à chumbadinha em altura a pescar do cimo da falésia. Um velhote
rijo com ar de astuto passou por mim com o seu ceirão às costas e uma cana
telescópica atravessada mas foi para o lado contrário que eu tinha em mente, eu fui
preparado para algum robalo que por ali andasse e tive a felicidade
de safar um já porreiro para acender o fogo, depois veio outro um pouco mais pequeno e a queimar a medida, ainda pensei em devolvê-lo mas àquela altura não arrisquei, pois o mais certo era bater lá em baixo e ficar a boiar e depois nem para mim nem para o mar, os sargos eram poucos
e pequenos; ainda apanhei dois mas foram devolvidos, já tinha 2kg de robalo era
mais do que suficiente para o que eu pretendia.
Em spots
como este escondidos no meio da vegetação e de difícil acesso através de trilhos
têm a sua magia e até se consegue saborear a Natureza…
A hora de
almoço já ia longe, mas quando estou aqui a única hora a que presto atenção é a
da maré e como não tinha pressa orientei a minha vida nas calmas, mudei-me para outro local mais refundido e depois do
peixe amanhado em cima de uma pedra com água do mar meti-lhe umas
pedrinhas de sal e tapei-o, entretanto ali num cantinho abrigado do vento fiz um
fogo com alguma madeira trazida pelo mar e orientei um fogareiro com umas
pedras.
Tive a fazer
de guarda para que alguma chama mais desavergonhada não me queimasse o almoço,
ora assava mais de um lado ora assava mais do outro mas com calminha a coisa
foi-se ajeitando.
O almoço foi
servido mesmo na grelha onde me deliciei com lascas de robalo, barrigas e ovas;
peixe, pão e vinho, foi até cair de cu 😄
Com a
barriga cheia e alguma preguiça nas pernas lá guardei as coisas na carrinha e
fui dar um passeio, a Primavera já se mostra em dias de sol…
A Primavera
instala-se a passos largos, é a estação do ano que menos gosto, não é nem carne
nem peixe…
Claro que
não consegui comer o peixe todo no mesmo dia e guardei umas belas poupas na
arca, no dia seguinte piquei uns coentros juntamente com quatro alhos e juntei
duas colheres de azeite, deixei ferver e meti o peixe por cima, com um pão e
dois copos de vinho nem vos digo nada, soube-me pela vida este jantar
acompanhado do silêncio da noite que por aqui é único.
Regra nº1
deixar o pesqueiro sempre mais limpo do que o encontrei, neste caso foi logo
ali junto à carrinha que começou a tarefa…
Dias como
estes passados por aqui onde o mar abraça as rochas e beija as falésias consigo viver coisas tão
boas que por vezes quase que são esquecidas neste mundo excessivamente moderno
em que vivemos, onde tanta coisa simples e boa quase que deixa de fazer sentido
para a maioria das pessoas.
Saúde e
força aí pessoal...