quarta-feira, 30 de março de 2022

Galinha Velha é que faz bom Caldo

“Surfcasting”

Boas pessoal, tenho andado bastante afastado desta vertente de pesca na praia, hoje escrevo para todos vocês claro mas com especial atenção para os amantes da modalidade de surfcasting que já me questionaram se tinha deixado esta vertente. Não, não deixei de pescar ao surfcasting e não pretendo fazê-lo...

Enquanto o sol ainda se espreguiçava por entre as lindas nuvens negras.
(Nem sempre podem ser os peixes os protagonistas da foto de apresentação de uma publicação)

O despertador tocou às 5h da manhã, acordar tão cedo até é uma falta de respeito pelo sono, ainda por mais quando foi uma noite mal dormida devido à ansiedade provocada pela dúvida de se ia ou não ia à pesca, pelo sim pelo não tinha ficado tudo preparado na véspera, era um dia daqueles que até o próprio café precisava de um café.

A Costa Sul do Sul foi abençoada por uma boa ondulação da qual eu já andava de olho e a monitorizar cada nova actualização, no início pairava a dúvida se ia apostar à noite ou na manhã seguinte, a previsão da queda do mar, da chuva, de trovoada e do vento mudavam constantemente, daí a minha incerteza no que fazer, são elementos que ditam o sucesso ou o fracasso de uma jornada de pesca, provocando a tal ansiedade que toma conta de nós (Pescadores), no meu caso receava fazer a escolha errada e perder uma oportunidade como esta que são poucas e não são quando nós queremos mas sim quando a Mãe Natureza entende que deve ser.

Neste dia esperava o melhor mas tinha de estar preparado para o pior, e o pior confirmou-se assim que dei os primeiros passos no areal ainda de noite e detectei logo a presença de grandes quantidades de algas, a maior dor de cabeça para qualquer pescador de surfcasting.

Não sei se os vegetais já estão por aí ou se vieram fazer uma visita de passagem, a única coisa que eu sei é que neste dia estavam lá em força e fizeram-me a vida negra e quase me tiraram a vontade de pescar.

Decidi montar apenas uma cana e ainda bem que o fiz, porque era impossível pescar com duas canas, em cada lançamento a linha ficava cheia de “alface” rapidamente e tinha de recolher a pesca ou ia dar com ela em seco a ser mastigada pela rebentação, de um momento para o outro começaram a entrar uns robalécos no pesqueiro e vieram acompanhados de umas bailas pequenécas, o insólito disto tudo é que descobri sem querer que o peixe não estava a pegar no isco fresco mas sim num isco que já tinha sido congelado e descongelado duas vezes e que por acaso só o levei como isco suplente, é caso para dizer que “Galinha velha é que faz bom caldo” como dizia a minha Avó…

Ainda safei a pesca com um total de oito peixes (sete robalos entre 1kg e os 2kg e uma baila), no decorrer da pesca ainda devolvi quatro bailinhas e já no final dois robaletes que penso que nem medida tinham e mesmo que tivessem a roçar a medida não os trazia, pois já tinha a pesca feita e não havia necessidade.

Então e depois de acabar o tal isco velho!!? Pois é, comecei a usar o fresco e por incrível que pareça não apanhei nem mais um único peixe que se aproveitasse. Uma coisa que eu estranhei foi a ausência de Sargos neste dia, o mar até estava bom para eles mas o certo é que não apareceram, talvez não fosse o dia deles ou então andaram por outras paragens, no entanto eu desconfio de um fundamento para essa ausência, mas vou precisar de mais algumas jornadas de pesca como esta para chegar a uma conclusão.

Foi uma jornada difícil, trabalhosa e apesar de ter safado uns pexecos foi uma pesca bastante chata e cansativa devido ao lixo que o mar trazia o que fez com que pescasse sempre sobre pressão, uma grande dúvida permanecerá; será que se tivesse mais daquele isco velho ou se não houvesse lixo e tivesse conseguido pescar com as duas canas tinha rentabilizado mais esta jornada!!? É daquelas coisas que nunca saberei…

Enquanto desmontava a cana e arrumava o material ainda fui brindado por uma boa chuvada, se gostei na altura!!? Não gostei, mas faz tanta falta que nem tive o direito de reclamar. No regresso à carrinha encontrei um “Cámon” acompanhado por um cão de respeito mas ao mesmo tempo com um ar amistoso e que me informou que no dia anterior estiveram lá uns pescadores e que não conseguiram pescar, pois nesse dia nem me passou a mim pela cabeça ir à pesca, e porquê!!? Porque já fiz essa asneira no passado e não volto a fazê-la, aprender com os próprios erros e com as experiencias que faço dá-me mais confiança com o passar dos anos para escolher o melhor dia para ir à pesca, no entanto há que ter sempre uma coisa em mente, é que a pesca não é uma ciência exacta…

Bom mas a missão ainda não tinha terminado e uma vez que a maré vazava ao final do dia e era de caminho aproveitei para fazer uma paragem ali num spot da Ria Formosa que já não ia há muitos anos, o material não era muito e já era quase de noite mas ainda safei umas ameijoinhas para o petisco 😉

E hoje
tive de fazer a baila para o meu almoço, um gajo também tem de comer alguma coisa, atão
😋
Bom pessoal por hoje é tudo, acho que já me estiquei um pouco na escrita mas a malta que me tinha pedido um relato de surfcasting, já tem com que se entreter 😊
Haja saúde e força aí.

terça-feira, 22 de março de 2022

A Febre do Spinning

“Spinning”

Viva amigos!

Fizeram uns dias lindos de chuva aqui no sul do sul, continuo sem perceber porque muitos teimam em lhe chamar de “mau tempo” com tanta falta que a chuva faz, talvez por ignorância ou simplesmente por egoísmo, eu chamo-lhe de “bom tempo” mesmo que por vezes fique privado de fazer as minhas coisas…

Então depois de estudar bem as condições e escolher o melhor dia e local onde pudesse programar uma pesca organizei-me e lá fui eu, cheguei ao spot e decidi fazer um reconhecimento do terreno porque havia muito tempo que não ia para ali e com o passar do tempo e com as chuvas etc por vezes há derrocadas e gosto de saber como está o terreno que vou pisar. O objectivo era fazer o final do dia e à hora prevista fiz uma descida recheada de incontáveis raízes solidas que se atravessavam no trilho e quase me pregavam rasteiras.

Já a pescar a morfologia do pesqueiro obrigava-me a “saltar” algumas zonas onde não fazia qualquer lançamento porque tinha pedras à minha frente, nisto e quando menos esperava levei uma sticada tão de repente que nem tive tempo de fazer uma ferragem, mas pareceu-me um ataque de raspão ou talvez algum robalo zarolho que andasse por lá, fiquei lixado por não ter ferrado este peixe e ao mesmo tempo motivado por saber que havia vida por ali.

Cerca de uns vinte minutos mais tarde eis que tenho outro ataque e desta vez foi o velhaco que levou uma sticada nos queixos que até deve ter ficado almareado, peixe já bom que foi trabalhado por entre pedras e sucumbiu aos meus pés, depois de guardado faço mais alguns lançamentos no mesmo local e ferro outro, este mais pequeno e veio sucumbir exactamente no mesmo sítio do outro, voltei à faina e insisti cerca de mais 1h e nada. Finalizei esta jornada com dois Robalos já porreiros o que é bem melhor do que o tal cardume de um que me perseguia jornada atrás de jornada. Normalmente costumo dizer que tenho a cina; de que quando não ferro o primeiro peixe que sinto ou se desferra já não toco na escama nesse dia e acreditem que já me aconteceu muitas e muitas vezes, mas desta vez foi diferente e ainda safei a pesca…

Depois da pesca veio a hora do xop xop, e o prato da noite foi; carne de porco com batata-doce, alhos e ovo, um gajo também tem que comer alguma coisa, atão 😋

A “Febre do Spinning” tem a sua magia, de um segundo para o outro tudo muda e aquela sensação de vazio que tínhamos torna-se num momento de euforia e nervosismo bom quando temos um peixe na outra ponta da linha.

Nos últimos anos tenho tentado aprender o máximo acerca dos hábitos, costumes e tendência das minhas espécies preferidas, o Robalo tem sido a espécie na qual me tenho debruçado mais…

Momento de relax antes de fazer a viagem de volta para a selvajaria da cidade, vocês nem imaginam os kms que eu faço de um lado para o outro para ir à pesca e tentar encontrar um pesqueiro que faça uma feição razoável, atenção que estou a falar de centenas de kms e ao preço que está o gasóleo não se avizinham bons tempos.

Uma das minhas especialidades, lingueirões de cebolada/alhos para comer com arroz branco ou pão caseiro e vinho, até choram 😂😂
Por hoje é tudo pessoal, haja saúde e força para combater a maldade e o egoísmo que existe no mundo.
Força aí…


 

segunda-feira, 14 de março de 2022

Chuva Abençoada

“Spinning”

Viva pessoal!

Enquanto o Inverno se despede a passos largos a Primavera há muito que se instala a uma velocidade cruzeiro, é uma transição que me deixa triste e quase deprimido, a aproximação do verão nunca me agradou a não ser nos tempos de escola em que só de saber que ia ficar uns meses sem aturar os professores era uma alegria do tamanho do mundo.

Apesar de tudo nos últimos dias tem havido alguma precipitação aqui no Sul do Sul que apesar de tardia é sempre bem-vinda. (Abençoada Chuva)

Mesmo com os mares fortes que se têm feito sentir em grande parte da nossa Costa e acompanhados de dias menos convidativos para o tipo de jornadas de pesca que eu costumo fazer, um dia destes programei uma ida a ver se dava com algum Robalo, estudei bem as condições e escolhi um spot que fosse abrigado, pesqueiros que pouco tenho frequentado nos últimos anos mas que por vezes podem reservar algumas surpresas.

Uma vez que estava previsto chuva no avançar da noite apostei em fazer apenas o aceio da tarde, o tempo estava tapado e o mar até se ajeitava, quando pensava que a coisa até não ia mal eis que aparece um barco a largar um aparelho alvorado mesmo à minha frente, era só o que me faltava, pior do que isto só um gajo apaixonar-se pela amante do sogro (porrra faz um gajo tantos kms para vir pescar tranquilo e marra com esta cena)… Bom mas não me deixei esmorecer com a situação e muito menos me quis chatear, até porque apesar da proximidade ainda me sobrava espaço para fazer uns lançamentos e procurar algum robalo que andasse ali à rés, segui o plano que tinha em mente e não via a hora de sentir um Robalo atacar a minha amostra até que de um momento para o outro e quando dei por mim tinha um robalo preso, peixe pequeno mas aceitável nos dias que correm, no lançamento seguinte dou duas ou três maniveladas ao carreto e tinha outro preso, peixe em seco e pensei logo cá para mim; (ou muito me engano ou a pesca está feita) e não podia eu estar mais certo, ainda andei por ali mais algum tempo até à hora que tinha planeado e decidi tirar a minha hora de refeição uma vez que eles não queriam comer mais. Confesso que a apresentação do peixe com o rabo cortado não é a mais bonita, mas neste dia achei melhor fazê-lo ou não fosse o diabo tecê-las. 

Estava na hora da minha paparoca; uns ovos mexidos com batata, cebola e alhos foi o prato do dia (neste caso o prato da noite) um gajo também tem de comer alguma coisa, atão!!! 😋😉

Com a Primavera ao virar da esquina os campos há muito que começaram a ganhar cor e se o pano de fundo for o Mar fica qualquer coisa de especial…

Vejo por aí muita malta que quer é apanhar (peixe fácil) em vez de quererem aprender como as coisas funcionam ou até mesmo disfrutar apenas uma jornada de pesca, mas este grandioso mundo da pesca é muito mais complexo do que muitos pensam e o que funciona hoje não quer dizer que funcione amanhã…

A pesca foi magra mas voltei de mente relaxada e tranquila, para mim é o mais importante de tudo, principalmente quando penso que a cada minuto que passa o mundo está mais mudado e infelizmente para pior…

E quando não há medronho em estado líquido vai em compota, já inventam de tudo para ganhar dinheiro.

Saúde e força aí pessoal...


 

terça-feira, 8 de março de 2022

A busca infindável pelo Robalo

“Spinning”

Boas pessoal!

Nesta temporada tenho andado mais virado ao spinning, há temporadas que engreno no surfcasting e quase que não vou corricar, há outras que parece que a coisa vai dividida, mas nesta em especial tenho andado fixado no spinning e apesar de não fazer peixes grandes e nem vários na mesma jornada ou ida ao menos tenho safado quase sempre o chibo com pelo menos um robalote, o que já não é mau nos dias que correm, pois mais vale um peixe na saca do que dois a nadar no mar…

Era no final do dia que eu queria investir, mas antevia uma jornada bem penosa devido ao vento mais uma vez, o mar esse também não era o melhor e as previsões apontavam para uma subida durante a noite, no céu as nuvens escuras prometiam qualquer coisa mas eu estava preparado para o que daí viesse. Naquele caneiro tinha uma corrente forte que puxava para fora e o Robalo por vezes gosta de caçar contra a corrente que traz com ela restos de alimento ou até mesmo alguma presa mais vulnerável como (pequenos peixes que lutam desesperados contra a corrente).

Era hora de assumir o posto e lançar desalmadamente para tentar chegar à zona que supostamente poderia ferrar algum peixe, depois de muitos lançamentos eis que pareceu-me sentir uma vibração diferente na amostra à qual eu respondi com uma violenta ferragem e lá estava ele a estrebuchar na ponta da linha, facilmente o meti em seco e guardei-o em local seguro e continuei a investir com lançamentos difíceis devido ao vento, nesta altura já era abençoado por algumas pingas de chuva que apesar de não ser aquele o momento certo para elas caírem até foram recebidas com alguma alegria uma vez que vivemos tempos de seca, nisto levo uma bela mocada enquanto recuperava a amostra mas infelizmente para mim não o consegui ferrar, tinha sido porreiro trazer dois peixes mas faz parte como se costuma dizer e pouco tempo depois conclui que estava na hora de encerrar esta jornada e ir à procura de alguma coisa para comer porque  já não via nada para trás das costas com a fome que tinha…

Durante a tarde andei pelo território Lobo a aproveitar a paz que eu sinto por ali.

Andam esquivos cá para o meu lado, mas mais vale um peixe na saca do que dois a nada no mar.

O excesso de modernismo também já chegou ao mundo da pesca, não é de agora mas a cada ano que passa parece que está pior, ora vejamos; o principal objectivo de qualquer pescador é apanhar peixe, mas por vezes é criticado; se apanha peixe pequeno é criticado porque não tem medida e matou a criação (aí até eu estou de acordo, salvo raras excepções), se apanha muito peixe é criticado porque matou muito, se apanha os grandes e gordos na altura da desova é criticado porque não os deixa desovar, se os apanha depois da desova é criticado porque estão magros e parecem facas e não os deixou engordar, um gajo que comece neste vício da pesca nos dias de hoje certamente vai ficar baralhado das ideias e dá por ele a pensar assim tipo: (afinal o que é que eu posso apanhar!!!?)

Depois da jornada ter terminado vinha outro momento que para mim é muito prazeroso na pesca, é a altura do jantar ou da bucha que por ser naquele ambiente sabe sempre melhor e para além disso um gajo também tem de comer alguma coisa, atão!!! 😉Neste caso lá tive de papar um cozido de feijão com carne e chouriça empurrado com meia garrafa de Pias que o amigo João Santana tinha lá a mais e me ofereceu, já agora faço um apelo a quem tiver vinho a mais aí em casa a estorvar eu aceito, quem diz vinho diz outra coisa qualquer que se beba (água não obrigado) hahahaha (brincadeira) 😂

A seguir lá tive de amaciar a digestão e aproveitar o momento enquanto o mar rosnava ao longe a anunciar a subida prevista. 

Em dois minutos fiz a minha parte

Num dia de maré boa fui apanhar uns búzios aqui na Ria

Lá tive de trazer uma santolinha que se atravessou no meu caminho

Enquanto absorvia a magia deste dia lindo e estava por ali a pensar na vida veio-me à ideia aquele velho ditado do (cada um tem o que merece) e isso não é bem assim, ou então que (Deus escreve certo por linhas tortas) esse a mim também já não me engana, basta um gajo olhar ao que se passa pelo mundo e às atitudes de certas pessoas, isto está bom é para os vigaristas…
Só mais uma observação; imaginem vocês se o nosso governo aumentasse os ordenados com a mesma frequência que aumenta os combustíveis, hamm...
Saúde e força aí pessoal...