sexta-feira, 16 de novembro de 2018

No Sítio certo à Hora certa

“Spinning”
Boas amigos leitores e seguidores…
Este não tem sido o início de temporada pelo qual eu ansiava, para além das condições de mar não terem coincidido em vários aspectos que me fossem favoráveis nos últimos tempos, o peixe também não tem colaborado (nos “meus” pesqueiros) nas poucas investidas que tenho feito, muito peixe miúdo e os que se aproveitam para trazer para casa resumem-se a um/dois/três pexecos, também por isso não tenho relatado qualquer jornada de pesca…


Então um dia destes e depois de andar constantemente a controlar as previsões e ver que vinha aí um Marsão daqueles à "Homem" para rebentar com tudo decidi apostar mesmo com o mar a puxar para o forte (no limite) corri o risco de não conseguir pescar e fiz por aí mais duas investidas em dois locais distintos na mesma noite e foi no aceio da manhã num laredo de difícil acesso que a sorte e insistência me brindaram com este peixe, como o mar tinha um toque ainda bom apostei em material mais pesado e robusto…

As temperaturas obedecem ao calendário e tanto as noites como as alvoradas já pedem um bom agasalho. O nascer de um novo dia traz com ele uma explosão de cheiros vindos da serra que me provocam uma energia brutal, os pássaros ainda escondidos nas saliências das falésias e nos arbustos trocam cantos melódicos entre si numa linguagem privada que me é impenetrável, são estas coisas que me atraem para estes spots longe de tudo o que seja modernices e excesso de materialismo…

Depois de muitos meses sem sentir um peixe decente a fome de pescar era mais que muita, o corpo e a mente estavam ambos a ressacar de pesca, pelas minhas contas foram oito meses sem apanhar um Robalo na vertente de spinning, não que tivesse feito muitas investidas durante esse espaço de tempo, talvez uma meia dúzia que renderam o tal famoso peixe com cornos que ninguém gosta (chibo)…


Mas eu sabia que o grande dia tinha de chegar e passados oito meses quando dei por mim lá estava eu de novo “No Sítio certo à Hora certa” a respirar vida e a fazer o que mais gosto, com a cana vergada e um velhaco teimoso a cabecear com força, de punho firme mantive a cana ao alto e o carreto ainda cedeu um pouco de linha, normalmente gosto de ter o drag regulado para a bitola dos 4kg e apenas se ver o caso mal parado é que então o abro mais um pouco, naquele momento era só eu e o velhaco que estávamos ali, ele queria ir numa direcção mas eu conduzia-o para outra e foi a cerca de cinco metros que eu meti os olhos no bicho “aguenta coração que já tá quase” o vício do spinning ressuscitava de novo e o batimento cardíaco acelerava tipo velocidade ferrari, as emoções que este tipo de pesca transmite são um desafio que nos faz querer sempre mais.

Apesar de ser um Robalo teimoso aos poucos e com a ajuda da ondulação sucumbiu aos meus pés, foi o primeiro peixe digno apanhado esta temporada…
Depois de algumas jornadas de pesca magras e chibateiras, finalmente o mar bafejou-me com este Robalo de bom porte, ali estava ele em carne e osso, ou melhor, em escama e espinha 😉


Entre uma pesca e outra a meio da noite lá tive de papar uma sopa de feijão com repolho e um copo de vinho, tenho que guardar reservas para aguentar o rigor das noites frias de inverno 😊
Um pormenor que adoro nesta altura do ano quando pesco à noite e que passa despercebido a muita gente, é o piar dos tordos que estão a chegar e entram pelo sul do país para virem passar o inverno em Portugal, é a Natureza de mãos dadas com a pesca…


Comecei tarde mas ao menos comecei bem, vou tentar fazer umas investidas porque os Robalos já devem ter saudades minhas 😊 mas isto quando o mar deixar claro, porque a última palavra cabe sempre ao grandioso, foi apenas um mas fiquei bastante satisfeito e já serviu bem para apaziguar a “fome” de pescar e apanhar peixe…

Aproveitem este fim-de semana que o tempo não está propicio à pesca e levem a “Maria” a passear para ganharem uns créditos 😉 até a podem convidar para jantar fora e à ultima da hora esquecem-se da carteira e acaba por ser a “Maria” que paga a conta e vocês poupam uns trocos para comprar o isco da próxima pesca 😃 

E não se esqueçam, libertem os mais pequenos, pois só assim seremos recompensados no futuro com exemplares de bom tamanho.
Saúde e força aí pessoal.

domingo, 11 de novembro de 2018

Bricolage

Boas pessoal!
Hoje vou partilhar com vocês uma ideia que já tinha na minha cabeça há uns aninhos…
Existem dezenas de geleiras no mercado para todos os gostos e que podemos usar nas nossas jornadas de pesca para guardar o peixe que capturamos, há quem use uma pequena, há quem use uma grande, há quem leve duas, etc…


Quase todas elas são boas para arrumar os nossos peixes, mas volta e meia quando a pesca corre melhor do que estamos à espera e apanhamos um Robalinho na casa dos 4 kilinhos para cima surge o tal problema, (E agora onde é que eu guardo o peixe!!? O velhaco não me cabe na geleira!!)

Aqueles que pescam perto de casa, não precisam de se preocupar com essas coisas e muito menos se for inverno que o tempo está frio, guardam o peixe dentro da saca ou num saco e caso arrumado… Mas no meu caso não é bem assim, infelizmente vivo longe dos meus pesqueiros favoritos e como muitos de vocês sabem faço verdadeiras maratonas de pesca de vários dias. Se pescar um peixe desses no último dia de pesca não há problema, normalmente só pesco no inverno que por norma o tempo está fresco e o peixe não perde qualidade, o problema é quando vou preparado com aquela logística toda para fazer dois dias de pesca e apanho um peixe desses no primeiro dia e depois não tenho lugar para o guardar e conservar nas devidas condições…


Já me aconteceu estar cansado da pesca e ter de cortar um Robalo de 5 kg ao meio às 4h da manhã para o guardar na geleira, outras vezes aconteceram de guardar peixes de 4 kg todos enrolados e quando os tiro da geleira parecem autênticas bananas. Acho que não são condições nem a maneira mais adequada de guardar aquele troféu ou exemplar que tanto procuramos e que tanto prazer nos deu capturar, como qualquer adversário devemos tratá-lo com respeito, excepto quando eles desferram e vão embora, aí nesse caso chamo-lhe todos os nomes e mais alguns 😂


Existem algumas geleiras no mercado de tamanho XXL, boas para guardar esses peixes, no entanto são grandes de mais e ocupam demasiado espaço, eu não preciso de uma geleira tão grande nem com capacidade de muitos litros, o que eu preciso mesmo é de uma geleira comprida para guardar e acondicionar em perfeitas condições os peixes compridos (Robalos) que não cabem numa geleira normal…
Então decidi meter mãos à obra e construir eu próprio uma geleira à minha medida, pensei nas medidas e fiz um esboço, a lista do material que ia precisar e siga. Enquanto o projecto avançava surgiam pequenos problemas e dúvidas, a missão foi demorada porque tinha que dar tempo de secagem à cola e ao silicone.


Os materiais aplicados foram: contraplacado marítimo, ripas de pinho, cola de madeira, cola de contacto, silicone marítimo, tinta para madeira, pregos, parafusos, anilhas, isolante térmico, cantoneiras de PVC, outros acessórios…


Esta travessa de reforço é amovível para poder meter e tirar o peixe sem grandes “acrobacias”


Tentei reforçar a estrutura ao máximo para a tornar mais forte e compacta, levou isolamento térmico por dentro e por fora.


Alguns de vocês devem estar a pensar que aquele maluco fez uma geleira em madeira e que aquilo com o tempo vai apodrecer tudo e não sei o quê 😊  Nada disso, para além de ter sido isolada ao máximo com colas, tinta e silicone marítimo nas juntas e ranhuras, ainda vai levar uma forra de plástico forte na altura em que for usada, tal como o peixe que será embalado num saco de plástico assim como o gelo…


Para fechar e ao mesmo tempo vedar em todo à volta adaptei um esticador que fará com que a tampa fique a fazer pressão em cima de um vedante (daqueles que se usam nas portas e janelas)
Não é a maneira mais simples e bonita mas é bastante eficaz e uma vez que isto será para usar só de vez em quando é o suficiente. 


Nas laterais adaptei um tipo de uma pega para facilitar o transporte quando for necessário.


Isto não é coisa que se use muitas vezes, mas no dia que fizer falta já tenho um sítio onde guardar e conservar um ou mais peixes de qualidade em condições, sem ficar todo torcido ou até mesmo ter de o cortar ao meio, exemplares de bom calibre cada vez são menos infelizmente e acho que o respeito por uma boa captura deve estar sempre presente.


Depois de muito trabalho e paciência lá terminei este projecto com as medidas que eu queria, para além de geleira vai ter outra função, serve de baú para guardar e arrumar coisas que eu pouco ou nada uso e andavam sempre espalhadas dentro da carrinha tal como uma muda de roupa suplente, um blusão velho e umas botas velhas para alguma eventualidade assim como outras pequenas tralhas que nunca fazem falta mas que um dia poderão ser necessárias. Uma vez que ia ser feita por mim escolhi as medidas para que no final encaixasse na perfeição no fundo da carrinha e que assim lá fique acomodada.

Comprimento: 1m
Altura: 30 cm
Largura: 30 cm

Saúde e força aí pessoal…