terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Bailas Solitárias

“Spinning”

Boas pessoal!

Hoje aproveito para deixar aqui o registo de duas jornadas de spinning em que os Robalos não vieram comigo para casa, mas ainda apareceu a prima Baila, um peixe que eu gosto muito de pescar e também de comer.

Um dia destes com alguma vontade de pescar fui jogar umas amostras contra o mar, fiquei num sítio em que as ondas do set caiam sobre um cabeço e vinham ressacar num fundão que estava relativamente perto de mim, uma feição que achei interessante e decidi ficar por ali. Um spot com todas as condições para se apanhar uns peixes mas que no final apenas esta Baila jeitosa mas solitária acabou por vir comigo, ainda tive um outro peixe por alguns segundos mas desferrou e foi à vida dele, pareceu-me ser pequenéco…

O limo é mais um obstáculo que veio para ficar e para se juntar a muitos outros que já existiam na pesca e que cada vez tornam esta modalidade mais complicada de se praticar em boas condições…

Material utilizado:

Cana: Hunthouse Puncture 2,73m

Carreto: 4500

Multi: 0,16

Amostra: Átila


Quando cheguei à carrinha tinha alguém à minha espera, disse-lhe logo “aqui não te safas que a pesca foi fraca”

A pesca foi fraca mas um gajo tem de comer alguma coisa, atão!!! quando cheguei a casa ainda vim a tempo de comer uma caldeirada de berbigão que tinha feito no dia anterior…

2ª Jornada

Desta vez fiz uma viagem de 2h depois do jantar para apanhar menos trânsito e cheguei ao pesqueiro de noite, amalhei-me na carrinha como costumo fazer tantas vezes, às 3h da manhã toca o despertador e o vento de leste gelado tirava-me a vontade de sair do saco cama e quase que conseguia se não fosse o velhinho pensamento de guerra “És um Lobo ou és um rato!!!?” e quando dei por mim já estava lá fora com o CD mágico a tocar.

Um café com uns bolinhos de amêndoa e um medronho ajudavam a aquecer o motor e às 4h certinhas deixava a carrinha para atacar qualquer coisa que tivesse naquele pesqueiro.

Só não estava à espera que ao primeiro lançamento uma coisa qualquer viesse brincar com a minha amostra, brincar como quem diz, ao início pensei que fosse uma baila com aqueles característicos toques nervosos e nem me importei com o drag, mas de repente aquela coisa obrigou-me a dar uns passos em frente com uma investida que parecia não ter fim e quando ia abrir um pouco o drag o peixe mudou de rumo e vem em direção a terra, recuperei o mais rápido que consegui para tentar acompanhar e por momentos até parecia que tinha desferrado mas não, e nisto o peixe ganhava novo folgo e lá vai ele outra vez para fora sem pedir licença levando forçadamente uma boa mão cheia de metros de multi e de repente deu-se um vazio e o pior pesadelo acontecia de novo……………… Nem queria acreditar, quando a amostra me chegou às mãos tinha duas fateixas de qualidade (das mais afamadas) abertas.

Respirei fundo com uma sensação de vazio e frustração, as pernas perderam a força e ajoelhei-me sem querer ficando a olhar para aquele o céu estrelado que testemunhou tudo o que ali acabara de se passar, tudo isto aconteceu por volta das 4h da manhã enquanto a maior parte das pessoas deste País dormia…

É frustrante perder Grandes Robalos assim, mas ao mesmo tempo dá-me alento por saber que ainda existem, nesta temporada que já vai longa, este foi o maior que perdi até agora…

Parece mentira mas depois de ter sido recebido daquela maneira ao primeiro lançamento seguiram-se um par de horas sem sentir um único peixe até ao amanhecer quando apareceu esta bonita e solitária baila que tentou alegrar-me mas que não conseguiu fazer-me esquecer o que acontecera umas horas antes…
Material utilizado:

Cana: Hunthouse Puncture 2,73m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Átila


Naquele dia resolvi comer baila cozida

Com um copo de vinho ao lado é claro, não vá um gajo engolir alguma espinha 

Quando se dorme na carrinha e se levanta às 3h da manhã, depois do almoço sabe sempre bem fechar os olhos um bocado, mesmo com o acontecimento recente ainda presente na minha mente a todo e qualquer instante, enfim…

Bom pessoal por hoje é tudo, fica aqui mais uma história neste blogue que já é parte de mim, saúde e força aí...


 

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Limo = Defeso

“Surfcasting”

Boas pessoal!

A essência de escrever e contar uma jornada de pesca aqui no blogue é para mim muito mais do que fazer uma boa pescaria ou pescar um grande troféu e postar de qualquer maneira em outras redes sociais sem saber transmitir aos amigos e seguidores o prazer que deu viver tal momento, momento esse que pode ter sido bastante especial e que passados uns dias cairá em esquecimento, eu próprio fico maravilhado quando leio algumas das minhas jornadas de pesca com vários anos que estão guardadas aqui no blogue e com momentos que já nem me lembrava…

Este é um relato que quase não partilhava, mas quis aproveitar as fotos que tirei e gravar aqui um dia que não foi nada mas que tinha tudo para ser um daqueles dias memoráveis se não fosse o limo a agoirar-me a pesca.

Com um mar do quadrante sul aqui no sul do sul, comecei a fazer planos e programei algumas jornadas de surfcasting que ao longo da semana foram sendo alteradas e adiadas devido à mudança das previsões que se alteravam a cada dia, chegou a uma certa altura que já tinha a cabeça virada do avesso com tanta alteração.

Naquele dia quando cheguei ao sítio escolhido reparei que uma antiga duna que lá havia tinha sido violada pelo Mar sem dó nem piedade, quando olho para a areia estava repleta de limo ao longo da praia, logo me apercebi que ia ter um dia impossível ou na melhor das hipóteses bastante difícil de pescar, o limo nos últimos anos tem sido um autentico defeso natural e uma grande dor de cabeça para nós pescadores de Surfcasting…

A pesca não é uma festa, é uma guerra, e esta foi mais uma batalha difícil de encarar, o mar neste dia já era pouco mas ainda tinha bastante corrente e as malditas algas permaneciam na praia e tornava-se impossível pescar, houve alturas em que as montagens e a madre ficavam cheias de limo em apenas dois minutos.

Pesquei apenas 1h mais ou menos quando a maré ainda estava parada e ainda guardei estes três Sargos, foram devolvidos dois palmeiros e depois disso foi o resto do dia praticamente com as canas fora de água, volta e meia lançava para ver se havia alguma novidade mas a resposta era negativa.

Lá consegui juntar uns pexecos para enfeitar a foto com um Sr.Sargo acima de kg, isto apenas em 1h de pesca, se tivesse pescado o dia todo com certeza teria sido um dia daqueles memoráveis, pois o peixe estava lá.

Desta vez levei o meu amigo Zé, parceiro de pesca há mais de 30 anos e volta e meia quando o bichinho desperta lá consigo arrastá-lo comigo, foi ele que me levou à pesca pela primeira vez na vida quando era puto, neste dia quase não pescamos mas tivemos tempo para falar de tudo e mais alguma coisa, até daquilo que não interessa hahaha…

Estava visto que não valia a pena insistir, pois de uma torneira de água fria dificilmente sairá água quente.

O Zé com a sua persistência ainda insistiu ao final do dia tentando manter a cana ao alto para o limo lhe pegar menos mas nem mesmo assim.

Chegou a hora mágica e a minha cana mantinha-se recolhida, ainda ficamos um pouco pela noite mas tivemos que nos render, neste dia quem ganhou foi a Mãe Natureza.

No dia seguinte fui fazer uma maré de berbigão para me vingar

Por hoje é tudo, haja saúde e força aí pessoal…

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O Rei da Rebentação

“Surfcasting”

Boas pessoal!

Um dia destes depois de andar a seguir umas previsões porreiras para a prática do surfcasting resolvi escolher uma praia que o mar pudesse oferecer boas condições, depois disso foi só pegar na trouxa e meter-me a caminho…

Neste dia ia procurar apenas o Robalo “O Rei da Rebentação” e de preferência de bom tamanho, quando assim é gosto de apostar em spots que conheço bem e meter as minhas ideias em prática…

Eu não vivo na cidade, aqui é que eu vivo, na cidade apenas sobrevivo.

Um gajo com fome não vai a lado nenhum, por isso decidi almoçar às 11h da manhã, acho que nunca tinha almoçado tão cedo, na vida do Mar não há horas para comer é quando há tempo porque a maré é que manda, ovos mexidos com alhos e cebola 😋

O tempo estava apelativo e o mar não lhe ficava atrás, tinha um bom tamanho, o vento soprava do quadrante ideal, a maré estava de feição e eu tinha umas guloseimas irresistíveis, a receita era perfeita para correr tudo bem, só não sabia se eles iriam colaborar…

Por entre chuviscos, nuvens e alguns raios de sol ainda houve espaço para o tão vaidoso arco-íris dar uma espreitadela.

O resultado foi um peixe apenas, mas complicado de o arrumar dentro da geleira.

Foi o único que apareceu nesta jornada e que bateu bem na minha cana da direita enquanto eu olhava era para a da esquerda, não sei se foi a primeira cacetada que ele deu mas que foi pujante lá isso foi, com o peixe ferrado iniciei uma lenta recuperação até ele chegar bem pertinho e com a ajuda de uma onda lá o meti cá fora…

Um dia bonito para passear nas falésias.

Aproveitei umas belas marés que tiveram para me meter dentro de água com o frio matinal e ir apanhar uns buziosécos.

Também havia por lá umas canilhasécas 

Bom pessoal por hoje é tudo, portem-se bem e não deixem lixo nos pesqueiros, haja saúde e força aí…

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Nada acontece por acaso...

“Spinning”

Boas pessoal!

Na semana passada decidi ir passar uns dias à minha zona de conforto, depois daquela logística toda para não me faltar nada rumei a onde o pensamento me levou, época festiva aqui no sul do sul é fotocópia do mês de Agosto, gente por todo lado e claro que na zona onde eu queria ir ficar não era excepção, como eu gosto é de estar sozinho e tranquilo mudei os planos e fui para outro spot e em boa hora o fiz, não pelo resultado das capturas até porque por onde andei a bater todos os cantos e recantos não toquei uma única escama em várias sessões que fiz de dia e de noite, mas sim pela envolvente e tranquilidade que ali absorvi durante os dias em que lá estive…

O não apanhar nada por vezes também tem as suas vantagens, pelo menos não tenho de carregar com eles e nem lavar a saca ou a geleira 😄 para além do mais também posso tirar proveito da situação e ficar por lá mais dias para visitar e analisar alguns pesqueiros e fazer planos para novas incursões, eu sempre disse e continuo a dizer que a pesca é muito mais do que apanhar peixe…

Avisei o meu amigo Orlando onde ia ficar e por duas manhãs tive o privilégio da visita dele, aproveitamos para meter a conversa em dia, trocar ideias e aquecer o motor com um café e um medronho para fazer frente aos frescos ventos de leste naquelas lindas manhãs embrulhadas …

As jornadas passavam e nem sinal de peixe até que por fim o mar obrigou-me a deslocar para outra zona se quisesse pescar naquele que seria o meu último dia de nómada. Mais uma vez e depois de escolher um spot fui obrigado a mudar os planos novamente, um pescador que chegou cedo abancou onde eu queria ficar com uma cana a pescar ao fundo e uma outra a corricar com buldo. Mas como nada acontece por acaso, ainda com tempo e logo ali ao lado avistei um cardume de Robalos do alto da falésia e até estavam perto ao contrário do que costuma acontecer, decidi logo que era ali que ia apostar claro…

Com o luz fusco aproximei-me deles quase em bicos de pés para não fazer muito alarido e ao segundo lançamento ferrei um com prai 10cm (porra com um cardume daqueles e apanhei logo o membro mais novo da família em primeiro lugar) o pesqueiro tinha pouca profundidade e o peixe entrou ali numa zona rochosa, eu estava a pescar com uma amostra que encalhava demasiadas vezes nas pedras e decidi trocar para uma Atila da HuntHouse que naquele cenário fazia o serviço que eu queria na perfeição que era nadar baixinho sem encalhar nas pedras.

Os lançamentos sucediam-se uns atrás dos outros e depois de três devoluções começaram a entrar uns peixes já jeitosos que iam sendo guardados na saca que nos últimos dias andou abandonada no fundo do ceirão, no meio daquele frenesim ainda tive alguns peixes que não consegui cravar e de salientar um ataque poderosíssimo mas que não ferrou, aquele velhaco fintou-me bem, deixa estar que para a próxima logo as mamas…

Terminei a jornada com um total de cinco peixes na saca e mais uma vez cheguei à conclusão que para se fazer uma boa pesca e para além da sorte é preciso muita dedicação e insistência…

Material utilizado:

Cana: 3m

Carreto: 4500

Multi: 0,18

Amostra: Atila (HuntHouse)


Bom e claro que de volta e meia tinha de dar ao dente porque um gajo também tem de comer alguma coisa atão!!! Neste dia saíram uns ovos mexidos com salsichas e tudo isto foi empurrado com uma garrafa de vinho que me foi oferecida pelo Pedro Lucas, obrigado amigo e podes trazer outra 😄😄

E uma vez que estávamos em Dezembro levei a fruta da época para a sobremesa 😋

Ilha flutuante

Mar de Pedras

Estaca

Para terminar estive a apanhar alguns objectos que estavam por lá a mais, para além de outras coisas que estão sempre presentes como o plástico ainda houve alguém que perdeu os boxers e a trela do cão, enfim…

Saúde e força aí pessoal.