terça-feira, 26 de novembro de 2024

Noite de Terror

“Surfcasting”

Boas pessoal!

Agora que as noites já pedem um bom agasalho começa o bichinho da pesca a chamar por mim, nesta ida queria aproveitar bem a jornada porque no dia seguinte a previsão era o mar “levantar as orelhas” logo pela manhã…

No momento que o pôr-do-sol pintava o horizonte de cores mágicas as canas já estavam lançadas à espera de que algo as fizesse debruçar na direcção do mar, mas por em quando isso ainda não acontecia…

Nesta altura do ano e para fazer este tipo de pesca gosto de chegar cedo para escolher o pesqueiro e ter tempo de montar e preparar tudo nas calmas, se me descuido quando dou por mim já o sol está a esconder-se no horizonte.

O inconfundível perfume selvagem que por aqui se respira dá um sabor especial à pesca, tão bom quanto apanhar peixe…

Já são muitos anos a passar longas noites ao frio, à humidade e a observar este Mar, alguma coisa me dizia que esta não ia ser uma noite qualquer, mas tinha de esperar para realmente saber como isto iria acabar…

As horas passavam e a jornada já ia longa e com pouca actividade, comecei por apanhar o sargo mais pequeno da jornada e um bom bocado depois era a vez de uma baila, de repente uma das canas vergou com dois ou três puxões vigorosos e de seguida um mega vergão que de certeza se o drag não estivesse aberto tinha partido o 0,20; foi coisa rápida e de repente parou tudo, quando começo a recuperar sentia um peso mas nada de força, coisa estranha; quando a pesca chegou até mim trazia um bom Robalo preso pelo rabo mas sem cabeça, naquele momento fiquei estupefacto a olhar para aquilo, o peixe ainda se contraia e deixava um rasto de sangue na areia, eu não sabia se estava a fazer uma viagem no comboio fantasma ou se estava a ver um filme de terror…

Isquei lancei e quando vou à outra cana tinha tudo partido pelo nó do chicote “(mau mau Maria mas o que é que se passa aqui hoje)” perdi uma porrada de tempo a montar aquilo tudo e depois de lançar vou à outra cana e tinha o estralho cortado perto do anzol “(isto tá bonito tá)” deduzi que tenha sido uma Dourada pelo facto da linha estar mastigada. Entretanto saíam uns sargos que se iam juntar ao Robalo decapitado na saca e outros mais pequenotes iam sendo devolvidos ao mar, nisto saquei uma bela Dourada gorda que me deu uma luta interessante ali ao sair da água, se eu já não tinha dúvidas de que o outro estralho tinha sido corto por uma Dourada agora ainda menos as tinha, pois estava claro de que elas estavam ali, as tarefas eram tantas que nem tempo para fazer uma mjinha eu tinha, e olhem que estava bem aflito… 
 E cerca de uns 30 minutos mais tarde recupero uma cana só com metade de uma Dourada, mais uma vez fiquei estupefacto a olhar para aquele cenário com o peixe a tremer e a deixar um rasto de sangue na areia “(Móósss mas o que é esta merda hoje pá, o outro veio sem cabeça, esta vem sem rabo)” eu já deitava fumo pelas orelhas já estava pior do que o diabo à meia-noite de 6ªf e quando vou à outra cana e a recupero o cenário repetia-se, outra Dourada corta pelo meio a tremer e a sangrar na areia, sem duvida que esta era uma verdadeira noite de terror, peixes decapitados, peixes amputados, estralhos mastigados, montagens perdidas, um dedo cortado, etc etc…

Mais tarde a noite já ia longa e com a actividade a desaparecer quase por completo, eu já cansado e acho que as canas depois de tantos lançamentos e tanta violência também já lhes doía as costas, achei que estava na hora de dar por terminada esta jornada de terror, as ondas agora gordas já cantavam uma música diferente da que tocavam no início da jornada e anunciavam a entrada de um mar forte e encorpado…

No caso do Robalo e pelo corte que trazia deduzo que tenha sido alguma espécie de tubarão, talvez uma tintureira ou cação…

Já no caso das Douradas penso que tenham sido as malditas Anchovas as responsáveis por tal chacina…

Não via horas de chegar à carrinha para dar ao dente, já estava com uma fraqueza que nem via nada atrás das costas, um gajo também tem de comer alguma coisa, atão!!!


Entretanto aqui pela Ria as marés de marisco continuam, embora agora com menos frequência pois a prioridade será a pesca nos próximos meses sempre que as condições me agradarem…

As Canilhas de qualidade têm sido frequentes este Outono…

Por hoje é tudo pessoal, saúde para todos vós e portem-se bem...


 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Já era Tempo...

“Spinning”

Boas pessoal!

Espero que se encontrem todos bem, ou pelo menos dentro dos possíveis porque isto na vida nunca está tudo bem e temos de nos adaptar às circunstâncias, aos problemas e dar a volta à situação da maneira que esteja mais ao alcance de cada um…

Certamente alguns de vocês já se teriam questionado se eu deixei de ir à pesca ou de publicar aqui no blogue, pois nem uma coisa nem outra, a cada ano que passa tenho começado a minha época de pesca mais tarde e este ano não foi excepção, por vezes há outras prioridades e nada como a balança para as pesar e decidir o que será mais proveitoso em benefício de cada um, enfim…

Depois de levar uns valentes chibos no surfcasting e no spinning, ou melhor dizendo com alguns peixes devolvidos mesmo com medida e outros sem, umas vezes por falta de actividade por parte do peixe e outras pelo facto de alguns poucos mas belos fundões estarem recheados não de pedra como era habitual antigamente mas sim de limo em zonas onde nunca tinha acontecido já nesta altura do ano, os Robalos não andavam lá mas a sombra deles está sempre presente (eu) e se os velhacos pensam que a vida é um mar de rosas estão redondamente enganados 😉

Voltando ao assunto do limo e falando por mim confesso que a meu ver neste momento o pior inimigo na pesca é sem duvida as quantidades monstruosas de limo que aparecem em certas zonas e jogam toda uma jornada e horas de logística por água abaixo já para não falar no investimento em combustível e isco, os problemas de há uns anos, tais como a falta de condições dos pesqueiros ou por excesso de areia ou a falta dela eram um problema, isso passou a ser o 2º problema, porque o 1º neste momento é o limo, pelo menos aqui no Sul do Sul…


Bom mas por enquanto baixar os braços não é solução e há que arranjar vontade e força para continuar a atacar e esperar por aqueles dias de glória e perfeitos que hão de vir certamente, pelo menos a experiencia a mim diz-me que sim.

Por isso voltei novamente a programar nova investida e lá fui eu procurar algum Robalo perdido que andasse por aí e já no pesqueiro escolhido em acção de pesca de um momento para o outro senti que estava no paraíso, pois tudo o que eu gosto nesta vertente de pesca estava a acontecer, um dos meus spots favoritos sem ninguém, mar bom, vento de feição, céu tapado e um Robalo preso na ponta da linha que embora não fosse grande soube-me tão bem como se fosse o primeiro da minha vida, só faltava mesmo uma Sereia loira de olhos azuis para me fazer companhia o resto da noite, mas isso já era pedir muito eu sei e para além do mais ainda tinha uma investida para fazer pela calada da noite num outro spot e não me dava jeito ir com a moça a reboque 😂😂😂

As saudades que eu tinha destas pedras e do cheiro desta maresia

Já na 2ª investida na mesma noite mas em outro spot fui recebido por um mar nobre e suave com uma cadência certa que me dava as boas vindas, alguns de vocês questionam-se (então e porquê que o gajo não faz a noite toda no mesmo sitio) a resposta é simples; porque há pesqueiros que eu acho que os robalos encostam mais de vazante e outros que eles encostam mais de enchente, não é uma regra para seguir à risca até porque isto na pesca não existe uma ciência exacta, embora haja certas coincidências que ao longo destes anos todos começo a acreditar que até batem certo 90% das vezes.

Desta vez não foi um robalo mas foi a sua prima irmã, uma linda e bela baila que depois de se sentir presa deu umas boas carreiras tal como é habitual desta espécie bastante energética e brincalhona…

De repente começaram a cair umas pingas e um estrondo vindo do céu anunciava recolher obrigatório e com a trovoada eu não brinco, infelizmente faziam-se horas de abandonar a minha zona de conforto rodeado de pedras húmidas e escorregadias abraçadas pela escuridão da noite e voltar para a selva da sociedade moderna e consumista.

O peixe não foi muito mas valeu a pena pelo cheiro da maresia, pelo passeio, pela paisagem e até pela visita da raposa velha e matreira mas que a mim já não engana, pelo menos ao spinning não me rouba o isco. Nas minhas idas à pesca o objectivo não é só apanhar peixe, embora esse seja o principal, mas todo o envolvente é importante e serve me de terapia…

Pesqueiro à Rambo

Um dia destes juntei me com a malta dos barcos 😆😆 e fomos comer umas Big Tostas, estes moços conhecidos de alguns de vós desde que se habituaram a pescar com o cú dentro do barco nunca mais quiseram outra coisa 😂😂 abraço aos amigos Cristóvão e João Santana...


Bom mas se as escamas não são muitas já as cascas são bastantes e de boa bitola 

Foi uma boa maré de búzios

Volta e meia lá pelo meio dos búzios lá aparecem umas santolas

O berbigão também já não é o que era, mas volta e meia lá se apanham umas cascas para fazer o xarém

Chocos apanhados à mão quando vou aos búzios, vou juntando para fazer uma pestiscada porque isto um gajo também tem de comer alguma coisa😄😋 atão 

Bom pessoal por hoje é tudo, vou tentar ser mais regular nestes meses de Inverno, para me entreter a mim e alguns de vocês.

Saúde e força aí…